26.08.2015
Puerto Montt/Chile. Nova visita a regiões de colonização alemã. Realizou-se, nos dias 21 e 22 do corrente, respectivamente no Centro de Estudos Brasil-Europa em Gummersbach e em Colonia, encontros de membros da diretoria da organização de estudos de processos culturais em relações internacionais.
No centro das atenções esteve viagem recentemente realizada ao Chile e Argentina pelo romanista, latino-americanista e gerente de fundação de promoção de Direitos Humanos K. Jetz e por T. Debois.
Durante essa viagem, foram visitadas várias instituições e feitas observações em várias áreas de conhecimentos que trazem aportes atualizadores aos estudos euro-brasileiros que vem sendo realizados no contexto das relações do Brasil com países do Mercosul (Veja).
Particularmente considerada foi a viagem a Puerto Montt, à Región de los Lagos, à província Llanquihu e à ilha Chiloé. Os relatos e os documentos fotográficos contribuem sobretudo aos conhecimentos referentes à imigração alemã para essa região quanto a seus desenvolvimentos no presente. (Veja)
Os estudos da imigração alemã e de seus descendentes no Chile foram vistos há muito como indispensáveis para o tratamento de questões de imigração nas suas dimensões globais, das quais as regiões de colonização centro-européia do Brasil não podem ser excluídas. Personalidade chave nas relações com o Chile da A.B.E./I.S.M.P.S. foi o Prof. Dr. Samuel Claro-Valdés, Decano da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Chile. (Veja)
Os trabalhos Chile/Brasil da organização não se limitaram ao levantamento de fontes, em grande parte pouco conhecidas. (Veja) Em 2008, a A.B.E. promoveu uma viagem de pesquisadores ao Chile, qundo também foi visitado Puerto Montt e a região de passado colonial alemão.
A cidade portuária adquire primordial significado para estudos americanos e indígenas devido Monte Verde, área arqueológica que guarda os mais antigos indícios de povoamento humano do continente.
A consideração da história imigratória da região nas suas relações com a dos alemães no Brasil dirige a atenção às amplas consequências do movimento político e político-cultural que levou à frustrada revolução de 1848 na Alemanha, fator de importância na história da emigração centro-européia ao Novo Mundo.
Na reunião, considerou-se fatos indicadores da permanência de elos culturais com a Alemanha na região dos Lagos do presente, seja na arquitetura ou no artesanato, o que permite comparações quanto a processos integrativos e diferenciadores de descendentes de colonos no Chile e no Brasil.
Constatou-se, entre outros aspectos, a existência de bens bibliográficos em língua alemã, assim como mal-entendidos derivados de confusões históricas quanto a fatos e nomes. Assim, uma foto de Paul von Hindenburg (1847-1934) foi peremptoriamente identificada como sendo a do Imperador Guilherme II (1859-1941).
25.08.2015
São Paulo. Momentos de Música Brasileira - reedição. Lançou-se, em 2012, a terceira edição, revista e ampliada dos Momentos de Música Brasileira de Léa Vinocur Freitag. (São Paulo: Edição de Autor, 2012, 219 pp, ilustrada, ISBN 978-85-913653-0-2)
A autora é formada em piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, tendo estudado canto na Pró-Arte. Como cantora, tem realizado diversos recitais e gravações, salientando-se na interpretação de modinhas (Veja notícia anterior). É doutora em Sociologia da Arte (USP), com tese em Sociologia da Música. Foi livre-docente em Sociologia da Arte com trabalho relativo à canção brasileira e é professora da Escola de Comunicações e Artes, Departamento de Artes Cênicas da USP. Entre as suas muitas áreas de estudos, salienta-se aquela dos estudos músico-culturais judaicos. Tem participado de eventos da Universidade Hebraica de Jerusalem e é membro da diretoria do Arquivo Histórico Judaico-Brasileiro.
De início, a publicação faz referências às bolsas de doutoramento e para a livre-docência recebidas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Além dos temas tratados nas suas teses, a publicação inclui ensaios publicados em jornais, sobretudo em O Estado de São Paulo. A obra é aberta com comentários sobre edições anteriores e, como prefácio, com uma carta de Camargo Guarnieri. Aqui, este compositor apresenta de forma militante a sua convicção nacionalista, mencionando „impatriótica faina de muitos críticos, que trabalham sob a máscara vanguardista“ e lamenta que a autora não faça referência a uma „Escola Paulista de Composição“.
No primeiro capítulo, de título „O nacionalismo musical no Brasil“, a autora trata dos ítens: „A Sociologia da Música: o criador e a obra“; „A evolução do nacionalismo“; „A sociologia do criador e das obras“ e „As minorias culturais e a nacionalização“. No capítulo 2, de título „A canção brasileira e a miscigenação“, trata dos ítens „A expressão étnica: relações raciais“; „A dinâmica social da modinha e do lundu“; „A musa e sua transformação“ e „Antônio José da Silva: a modinha“.O capítulo 3 é dedicado aos „Pioneiros em nosso meio“, considerando „Mário de Andrade e Oneyda Alvarenga“; „Franceschini: a correspondência com Mário de Andrade“; „Marcelo Tupinambá: um caboclo inovador“; „Celina Sampaio: o canto de câmara“; „Cândido Botelho: da elite ao povo“; „Maria do Carmo de Arruda Botelho: o piano de Carminha“ e „Ruy Coelho: humanista raro“. O capítulo 4, de título „Um pouco de ópera“, considera „A ópera na cultura brasileira“, „As óperas veristas em São Paulo“ e „Zeffirelli: Não há pobreza que limite a criação“. Por fim, a autora dedica um capítulo ao tema „A nobre arte do canto“. Nele considera „As canções de câmara de Carlos Gomes“, „Cristina Maristany: uma dicção brasileira“; „Agnes Ayres: símbolo do bel-canto“ e „Dulce Salles Cunha: cantora e política“. A publicação fecha com uma Bibliografia e um texto „Sobre a autora“.
24.08.2015
Belo Horizonte. Ourivesaria e música. O Prof. Dr. Mauro Chantal, cantor, compositor e pesquisador, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, desenvolve intensas atividades na vida musical de concertos, na pesquisa e publicação de estudos. (Veja notícias anteriores) Foi, recentemente, convidado a cantar o papel de Raimondo, na próxima produção de ópera no Palácio das Artes, na montagem de Lucia di Lammermoor, que acontecerá em novembro.
Paralelamente a suas atividades musicais e a seus diversificados estudos em várias áreas do conhecimento, distingue-se também pelos seus trabalhos de ourivesaria artística, vindo assim de encontro à riqueza de gemas de Minas Gerais e à grande tradição da arte da joalheria no Brasil.
Desde a sua infância interessa-se por essa arte, mas, como passou boa parte da sua vida estudando música, acabou deixando a sua intenção de tornar-se ourives para mais tarde. Há ca. de cinco anos passou então a ter tempo para dedicar-se a outras buscas, sendo a ourivesaria e o estudo do hebraico as mais desejadas.
Êle vê, nesse fascínio, um paralelo à sua habilidade de jardinagem. O seu talento para plantar, seja árvores, roseiras ou outras flores expressa-se agora na criação de „flores de ouro“. Criou uma empresa, responsabilizando-se pela confecção, escolha de materiais e resposta final das obras, trabalho que desenvolve com um sócio. Especialmente em Minas Gerais, tem a possibilidade de encontrar muitas gemas, embora sendo os dados incertos e o mercado muito complexo, um fato que constata sobretudo relativamente a diamantes.
Esta sua dedicação à arte da joalheria é agora exposta em site de alta qualidade visual:chantaljoalheria.com.br
23.08.2015
Maceió. Pesquisa sobre futebol como elemento identitário cultural. A professora e pesquisadora Janayna Ávila, da Universidade Federal de Alagoas, comunica que vem desenvolvendo já há dois anos pesquisas sobre futebol como elemento identitário cultural. Estando planejando uma viagem a Berlim nos próximos meses, entra em contato com o Centro de Estudos Brasil-Europa da A.B.E. para troca-de-idéias sobre uma pesquisa de pós-doutorado sobre o jogo Brasilx Alemanha na última Copa que pretende desenvolver.
23.08.2015
São Paulo. A culinária na cultura e curso da „Universidade Aberta à Maturidade“ na PUC, São Paulo. O pesquisador Dr. J. Gerardo M. Guimarães comunica resultados de pesquisas culturais que vem realizando relativamente à alimentação no Brasil. Como salienta, a culinária é parte da cultura do país. Luís da Câmara Cascudo foi um dos pesquisadores que a ela se dedicou. Sua obra sobre a história da alimentação no Brasil mantém-se ainda hoje a sua atualidade. Em pesquisa de campo, esteve no distrito de Bueno de Andrade (Araraquara, SP), constatando como produções locais contribuem para a economia do distrito atraindo turistas que são, hoje, um dos sustentáculos da economia local. Informa, também,que volta a atuar como docente da Pontifícia Universidade Catolica de São Paulo em curso vinculado à Universidade Aberta à Maturidade a convite do gerontólogo Prof. Dr. Antonio Jordão Neto, coordenador do curso.
22.08.2015
Vancouver/BC. Materiais do Brasil no Canadá: Museum of Antropology, Universidade de British Columbia. Importante tarefa das atividades euro-brasileiras no âmbito dos estudos culturais em relações internacionais tem sido considerar materiais do Brasil conservados em instituições do Exterior.
Não só obras publicadas e em parte raras e inexistentes no Brasil puderam ser assim levantadas em visitas a bibliotecas de vários países. Ainda que com o desenvolvimento da Internet o significado desse trabalho que sempre exigiu muitas viagens e meios tenha-se relativado, os acervos são ainda de significado por oferecerem indícios sobre tipo de informações sobre o Brasil existentes durante décadas, as fontes disponíveis para pesquisadores e leitores, o espectro temático e, assim para a imagem do país e suas transformações.
Se a consideração de bibliotecas já não é tão fundamental na era das informações eletrônicas facilmente disponíveis, a visita a museus mantém o seu significado. A exposição de bens culturais do Brasil ao lado daqueles de outros países permite o reconhecimento não só da fisionomia do país que é transmitida e mesmo celebrada, como também o pêso dado o Brasil no conjunto de outras nações e as relações sugeridas.
Nos estudos promovidos na América do Norte no corrente ano, considerou-se o acervo de objetos do Brasil no Museu de Antropologia da Universidade de British Columbia. (Veja notícias anteriores).
Nessa visita, constatou-se uma relativa parcimônia de bens e imagens ali apresentados, estes, porém, expostos segundo as mais avançadas técnicas museológicas e de linguagem visual.
Através de meios eletrônicos interativos, o visitante pode ter imediato acesso aos bens em diferentes pontos da exposição, com fotografias de objetos e dados descritivos e a respeito de sua aquisição.
Reconhece-se, desses dados, que os materiais nem sempre foram obtidos sistematicamente, mas sim através de doações particulares ou adquiridos em mercados e em lojas de cidades brasileiras.
Entradas mais antigas, do início do presente século, incluem figuras de cerâmica pintada pertencentes a Deirre Lott.
A esses objetos registrados antes de setembro de 2003, juntaram-se figuras Karajá de Bianca e Ricardo Muratorio, entradas antes de maio de 2009.
Mais recentemente, o museu adquiriu imagens e instrumentos utilizados no Candomblé e Umbanda. Estes foram comprados pelo colecionador Nuno Porto em novembro de 2013 na loja „Mundo dos Orixás“ em feira da Madureira, Rio de Janeiro.
Em alguns casos, como na figura apresentada de Obaluaye/Omulu, o colecionador teve o cuidado de registrar o nome do seu produtor, no caso Camasi Guimarães. Entre os instrumentos apresentados e valorizados através de descrições e apresentações visuais encontra-se o Caxiri.
21.08.2015
Alagoas. „A tríade nordestina“ - Letras e Folclore: a escrita favorecendo a empatia por contextos e atmosferas de tradições. O historiador e escritor Olegário Venceslau da Silva é membro da Academia Alagoana de Cultura, da Academia Maceioense de Letras, da Academia de Letras e Artes do Noreste, da Comissão Alagoana de Folclore e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Paraná, Campinas e Espírito Santo. Em texto relativo ao culto de santos mais festejados no mês de junho - Santo Antonio, São João e São Pedro - esse pesquisador de múltiplos interesses revela o seu empenho pelo cultivo tanto das Letras como do Folclore pelo fato de verter o resultado de seus estudos em texto de qualidades literárias. Favorece, assim, a empatia de leitores para com o contexto regional e a atmosfera dessas tradições.
„As chuvas intermitentes prenunciam nas paragens áridas a chegada de mais um inverno, e com ele a esperança de tempos amenos. A tênue garoa se avizinha caindo no chão, e condensando-se na poeira exala o odor da terra molhada que vai aos poucos sufocando a quentura e o mormaço que doravante dará lugar ao lamaçal de barro. O sol em sua pujança se esconde entre as cinzentas nuvens numa aquarela incolor, onde o dia mais parece a tarde ao se debruçar nos braços da sombria e gélida noite. Os ventos ululantes insistem em espalhar sobre a terra velhas folhas, que se desgrudam das copas das árvores numa despedida sem reencontro, fazendo-as tapete que ornamenta o infrutífero solo.
Nesta amálgama de estações e cores tão peculiar ao homem camponês, acostumado a pouco pão e muito suor como corolário de uma existência arraigada à terra e ao seu destino, eis que surge por entre os dias que passam um instante de êxtase que se confunde mormente num festejo quase que perene. E como estigma enviado das maiores alturas, num sonoro eco ascende aos céus num cortejo iluminado e repleto de significado o foguetório, numa lídima demonstração de crença a tríade cristã patronímica do mês de junho.
O cheiro da pólvora que ao explodir penetra nos órgãos olfativos trás em si muito mais que meros ingredientes químicos, denota num sinal visível do momento comemorativo que se faz jus. A madeira estalando sob a lamina afiada do machado que ignora do que é feito o cabo que lhe dá sustentação, numa cantoria fúnebre vai pendendo de lado até tombar definitivamente , cumprindo destarte a sentença que fora destinada – alimentar a fogueira.
E as homenagens tomam forma num cortejo religioso e popular, nascidas no imaginário lúdico do caboclo nordestino e rural. No sumário de louvação e santidade aos ícones, surge abrindo os festejos aquele cuja vocação é unir os corações dos eternos enamorados. Santo Antonio de Pádua comumente aclamado como casamenteiro e protetor das famílias é o primaz ao receber dos fiéis a veneração por sua fama e devoção ao menino Deus, que carrega junto de si em seus braços.
As multicolorias fitas que adornam os vestidos rendados das moças, as alpargatas de couro costuradas à mão e o bailado no chão de terra batida dos arraias, demonstram a beleza não apenas estereotipada mas sobretudo o esplendor de uma tradição legada pelos antepassados e cuja perpetuação já é assim explicitada. Entre os passos ritmados ao som do tropel e embalados pela cantoria o arrasta pé dá inicio as quadrilhas que ao redor da fogueira dão um espetáculo de alegria e festa.
Neste turbilhão de emoções transubstanciadas em comemorações juninas, a mesa já posta inebria até os olhares mais desatentos. O milho se transforma em inúmeros aperitivos. O que era simplesmente o vegetal plantado nos vastos campos quando da passagem do dia de São José e colhido três meses após, agora é usado como ingrediente de bolo, canjica, pamonha e outras nomenclaturas típicas e regionalistas. E prossegue o desfile de estandartes na terra comum dos homens, e o santo tão criança ao carregar entres os braços o carneirinho e coberto de finíssima pele de camelo tem seu nome lembrado como o “batizador” do Messias em águas do Jordão - São João Batista – é quem recebe os louvores da turba.
E novamente as águas que ousam cair insistentemente por sobre o solo, o faz como espécie de bênção fazendo germinar do seio da terra um broto de vida e esperança. As intempéries e dissabores são retemperados pela frescor das chuvas que regam as plantações e lavouras, modificando a cor vermelha resultante da sequidão e estiagem num verde viçoso. As súplicas e rogos do nordestino ascendem aos céus endereçadas ao porteiro das moradas eternas, ao portador da chaves que abrem as portas em direção ao trono celestial - São Pedro Apóstolo.
No cume das torres das igrejas, os sinos ecoam em uníssono aclamando entre os homens aqueles que deles nasceram , viveram suas dores e imperfeições mas se sublimaram na oferta e vocação ao chamado de santidade. E num gesto de profundo respeito e agradecimento o nordestino se curva e com a mão sobre o peito ousa proferir: “A bênção, meu Santo Antonio, São João e São Pedro”.
20.08.2015
Buenos Aires. Incorporação acadêmica de Luis Mucillo na Academia Nacional de Bellas Artes. De convite enviado pela cravista Lourdes Cutolo toma-se conhecimento que, no dia 15 e julho teve lugar no Museo Nacional de Arte Decorativo da capital da Argentina ato de incorporação acadêmica de destacados artistas e intelectuais na Academia Nacional de Bellas Artes: Edgardo Giménez, Laura Malosetti Costa, Luis Muccilo, Luis Priamo e Juan Travnik. Uma „Distinción a la trayectoria“ foi conferida a Luis Felipe Noé.
Esse ato tem especial significado para o Brasil, uma vez que Luis Mucillo desenvolveu por muitos anos intensas atividades como compositor e professor no país, sobretudo em Brasília (Veja notícias anteriores).
20.08.2015
Belo Horizonte. Da correspondência: atividades de pesquisa musical e composição de Mauro Chantal. O Prof. Dr. Mauro Chantal, cantor, instrumentista, compositor, professor e pesquisador musical (Veja), comunica a publicação de estudo na Revista Brasileira de Música, assim como a aprovação de quatro composições para coro infantil a duas vozes e piano para a edição numa revista que agora passa a ser editada. Preparou, ainda, textos para conferências em encontros de música. Um, trata de uma composição para piano solo do compositor Carlos Alberto Pinto Fonseca. O outro, refere-se a uma peça para piano e canto do compositor Luís Melgaço.
19.08.2015
São Paulo/Parma. Preparativos para concertos de música brasileira na Itália. A pianista Sylvia Maltese informa que já se encontra fixada a data de um dos recitais que apresentará juntamente com a pianista Paola Tarditi nos meses des outubro e novembro na Itália. Os programas, com obras de compositores brasileiros para piano a quatro mãos, vão ser preparados em ensaios conjuntos na Itália a partir do dia 17 de outubro. Uma das apresentações será no dia 27 de outubro, em Parma. Espera-se ainda a confirmação do recital de Voghera-Pavia. Paralelamente, as pianistas prepararão recital com obras de Osvaldo Lacerda que será levado a efeito no dia 21 de novembro em São Paulo. A gravação do CD respectivo está prevista para os dias 24 e 25 de novembro.
19.08.2015
Joinville. Da correspondência: Reportagem de Mayara Caroline Pabst. Mayara Caroline Pabst, de Joinville, preparando textos a respeito de Joinville, entra em contato com a A.B.E. à procura de informações sobre a história de empreendimentos nessa cidade de Santa Catarina. Solicita permissão para o aproveitamento de referências à obra de Ernst Hengstenberg em texto da Revista Brasil-Europa (Veja).
18.08.2015
Bruxelas. Bibliothèque royale de Belgique - viagem imaginária ao coração de partituras do seu acervo. A Biblioteca Real da Bélgica, que vem cooperando com os trabalhos euro-brasileiros, (Veja) comunica a série de concerts de midi da temporada de 2015-2016. Esses concertos teem como característica apresentar obras pouco conhecidas conservadas na biblioteca. São, assim, para além de significado artístico, de interesse musicológico e histórico-cultural. Salientam-se pela internacionalidade dos artistas envolvidos. Iniciam-se no dia 2 de outubro no Auditorium Arthur De Greef, com obras de Schumann e Ysaye por N. Inui (violino) e V. Varvaresos (piano). No dia 13 de novembro, o pianista K. Izumi apresentará, entre outras, obras de d‘Aubat Saint-Flour e Durlet em colaboração com o Fonds Emmanuel Durlet. No dia 11 de dezembro, estudantes do Conservatoire royal de Mons (Arts?), no âmbito da programação Mons 2015 e do colóquio „Guillaume Lekeu et son monde“, apresentarão obras para canto, violino e piano (D. Brasseur, A. Moeytaux, G. Couteau) sob a direção de Guy Van Waas. No dia 20 de maio de 2016, no Palais de Charles de Lorraine, o Quatuor Arod, constituido por músicos de diferentes países, executará obras de Mozart em colaboração com a Chapelle Musicale Reine Élisabeth. De particular interesse para os estudos relacionados com o Brasil é a atenção concedida a Guillaume Lekeu (1870-1894) compositor belga da Wallonie que estudou na França em época que ali estiveram músicos brasileiros e visitou os Festivais de Bayreuth.
17.08.2015
Vancouver, BC. De estudos da Imigração a estudos europeus no Novo Mundo - a Multiversity Galleries do Museum of Anthropology na Britisch Columbia. O Museum of Anthropology próximo a Vancouver, estreitamente vinculado à Universidade da Columbia Britânica, foi visitado por pesquisadores da A.B.E. em Julho do corrente ano.
Como relatado na atual edição da Revista Brasil-Europa, um dos assuntos considerados nos ciclos de estudos foi o da imigração alemã na América do Norte nos seus elos com imigrantes portugueses e brasileiros. (Veja) O estudo da imigração alemã nos Estados Unidos e no Canadá não pode ser feito adequadamente sem a consideração de processos emigratórios europeus no seu todo e do contexto geral da história colonial e da colonização no continente americano.
Essas relações entre processos transatlânticos e interamericanos foram tematizadas pela primeira vez em simpósio euro-brasileiro realizado na Alemanha por motivos dos 300 anos da emigração alemã à América o do Norte em 1983 e tem sido desde então característica dos trabalhos relacionados com a imigração e colonização de países de língua alemã da A.B.E.. (Veja)
Essa orientação é de relevância para os estudos voltados aos imigrantes de língua alemã no Brasil e sobretudo às regiões de colonização abertas no século XIX, uma vez que traz à consciência a necessidade de perspectivas que ultrapassam limites nacionais de ambos os lados, implicando a consideração de contextos europeus no seu todo e interamericanos.
Um dos principais centros de estudos antropológico-culturais do Canadá é o Museu de Antropologia próximo a Vancouver, uma das principais instituições dessa cidade, conhecido sobretudo pelas suas coleções e atividades no âmbito das culturas indígenas. Nas Multiversity Galleries, o museu apresenta mais de 10.000 objetos provenientes de todo o mundo. Na maior parte dos museus, esses objetos encontram-se nos depósitos, mas nesse museu de Vancouver decidiu-se apresentar essas coleções ao público. Uma forma inovativa de catalogação, permitindo a leitura de telas através do toque dos visitantes, permite que estes tenham acesso a midia adicional de qualquer ponto em que se encontre nas galerias.
Entre as outras seções, encontra-se também uma área destinada a objetos trazidos da Alemanha por imigrantes do passado. Alguns desses objetos eram de tradição familiar, antigos já à época da vinda dos imigrantes, o que os fazem de interesse histórico-cultural para a própria Alemanha.
Este é o caso, por exemplo, de canecas e outros utensílios de cozinha de cerâmica glasurada com sal de minério. Na elucidação de um objeto do século XVII produzido em Frechen, localidade próxima a Colonia, o museu oferece explicação sobre o método de produção dessas cerâmicas trazidas para o Novo Mundo nas suas implicações ambientais para a Europa. O sal era jogado no forno durante a última fase de queima. O clorido de hidrogêneo produzido escapava como nuvens brancas ácidas que poluiam o meio ambiente. Os fornos eram alimentados com madeira, o que levou ao corte de florestas. Hoje, a sensibilidade aguçada para questões ambientais levaram ao fechamento, em 1983, do último forno a lenha em Höhr-Grenhausen.
O objeto mais representativo dessa coleção é um aquecedor histórico de cerâmica alemão montado na segunda metade do século XVI e que teve elementos substituídos no decorrer dos séculos. Demantelado na década de 50, foi trazido para Vancouver apenas em 1989. Os especialistas do Canadian Conservation Institute em Ottawa investigaram as estruturas internas desses objetos, de modo que puderam criar um método seguro de reconstrução da peça, possibilitando a sua exposição como valioso objeto histórico em 1990 e como testemunho da história da técnica de calefação central de espaços.
Ao lado de cerâmica provinda da Alemanha, as Galerias apresentam bens vindos de outras regiões da Europa, entre elas uma coleção de Maiolica do século XVIII. Esta coleção exemplifica a revitalização do istoriato na Itália, pintado com cenas que, embora sem o vigor do século XVI, levou a um alto nível qualitativo na produção de objetos, como o demonstram produtos feitos em Castelli. Estes foram modêlos para imitações no norte da Hungria, hoje Eslováquia. Houve também uma renascença da maiolica em Faenza. O museu lembra que em fins do século XVIII a maiolica e outros objetos glasurados foram suplantados pela porcelana e por produtos mais baratos e duráveis desenvolvidos na Inglaterra.
Esses exemplos indicam como nas Multiversity Galleries os estudos de imigração relacionam-se de diferentes formas com estudos culturais europeus. Tanto os bens do passado trazidos por imigrantes são considerados no contexto mais amplo das relações internas européias, como objetos antigos adquiridos mais recentemente servem a estudos e à informação do público sobre a cultura da Europa, por assim dizer em inversão de olhares convencionais eurocêntricos. Essa mudança de perspectivas e de posicionamento de pesquisadores e visitantes pode dar impulsos para outros contextos culturais de passado marcado pela imigração européia e colonização do continente americano, como no caso do Brasil.
15.08.2015
Curitiba. De Gestis Mendi de Saa traduzido e analisado, com estudos de contextos. Nesta publicação, Leonardo Ferreira Kaltner apresenta uma tradição do poema De Gestis Mendi de Saa sobre os feitos de Mem de Sá, escrito pelo Pe. José de Anchieta, e publicado primeiramente em 1563 em Coimbra. O autor, graduado em Português-Latim pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, concluiu mestrado e doutorado em Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje, é professor adjunto da Universidade Federal Fluminense. A obra é dedicada à memória de seu professor Carlos Antonio Kalil Tannus.
O trabalho foi originalmente tese de doutorado, defendida em 2009, com o título O IV Livro do poema De Gestis Mendi de Saa do Pe. José de Anchieta, S:I.: a latinização do Brasil quinhentista. Na Introdução, o autor salienta de início que, a partir da obra de José de Anchieta, procura estabelecer uma leitura da construção do estilo épico da poética anchietana. Esta referencia-se segundo o cânone épico greco-latino, em especial Vergilio.
A obra de Anchieta é apresentada como sendo o mais importante corpus da literatura novilatina do Brasil do século XVI. O IV Livro do poema narra a batalha entre portugueses e franceses na Baia da Guanabara em 1560, para além de outros fatos. Desse livro, o autor traduz a narrativa da queda do Forte Coligny. Nela, os indígenas tupis de São Vicente apoiaram os portugueses, enquanto os franceses o teriam sido pelos tupinambás.
O livro é dividido em seis partes, sendo aberto pela Introdução e fechado por Conclusão. O autor dedica um capítulo ao Humanismo Renascentista Português, tratando de suas origens na Itália e na França, do Latim e Português na Renascença, e das Navegações e Humanismo. A seguir, passa a considerar o vulto de José de Anchieta, tratando da Companhia de Jesus no Brasil e do corpus anchietano. Um capítulo é dedicado à França Antártica, com os seguintes ítens: „Fontes e histórico“, „Descriptio sinus Guanabara“, e „A Batalha de 1560“. Por fim, - a parte principal e mais valiosa do trabalho-, tem-se o capítulo dedicado ao De Gestis Mendi de Saa, onde o autor apresenta o texto original, a sua tradução e comentários. Na Conclusão, salienta o alto nível da civilização quinhentista implantada no Brasil, não apenas através da administração portuguesa, mas sim também devido à ação educativa dos jesuítas. (L. F. Kaltner, Brasil e Renascença: A cultura clássica na origem do Brasil, Curitiba: Appris 2011, 176 pp, ISBN 978-85-64561-27-4).
14.08.2015
Norte America/Brasil. Balanço de trabalhos pelo dia internacional dos povos indígenas. No dia 9 de agosto, realizou-se, no centro europeu de estudos da A.B.E., balanço das atividades dedicadas a questões indígenas em diferentes cidades dos Estados Unidos e do Canadá em Julho passado.
A atual edição da Revista Brasil-Europa, que apresenta relatos de estudos e encontros sob o título „Niagara & Pão de Açúcar“ não considerou os resultados desses trabalhos e reflexões realizados no âmbito do programa „Mundo Indígena“ da A.B.E., ainda que tenham constituído principal escopo.(Veja)
A complexidade do tema exigiu e exige troca-de-idéias e estudos posteriores. Um encontro para balanço das impressões e impulsos nas suas referenciações com o projeto dedicado às culturas indígenas do Brasil que vem sendo desenvolvido desde 1992 teve lugar por motivo da celebração do dia de grupos populacionais autóctones do mundo. A celebração desse dia remonta a recomendação da Assembléia Geral das Nações Unidas por ocasião de encontro de grupo de trabalho para grupos populacionais indígenas.
A questão dos direitos indígenas foi considerada em comparação com a situação no Brasil, no Canadá e nos Estados Unidos. Recordou-se que em cidades como Toronto, Vancouver e Victoria registra-se o pagamento de aluguel por parte de órgãos e instituições para o uso de terrenos indígenas.
Em algumas universidades, como em Vancouver, indígenas fazem parte de conselhos diretivos, o que favorece também o desenvolvimento de instituições de estudos e de fomento da cultura nativa. Isto se manifesta no fato de ser o museu indígena encontrar-se instalado no edifício mais representativo do campus universitário e constituir uma das principais instituições da cidade, visitada não só por especialistas, mas por turistas de todo mundo.
Um dos assuntos centrais do encontro para o balanço das impressões e experiências foi o das relações entre os indígenas e o meio ambiente em comparações entre o Brasil e a América do Norte. Essas relações entre cultura e natureza constituiram preocupação motivadora do projeto iniciado em 1992, uma vez que neste ano celebraram-se não só os 500 anos da América, como também realizou-se a conferência internacional do meio ambiente no Rio de Janeiro.
O papel fundamental do mundo vegetal e animal nas concepções simbólico-antropológicas e cosmológicas que se manifestam na cultura e na arte de muitos povos indígenas indica o significado material e transcendente dos elos com a terra e, assim, dos vínculos com o território ancestral.
A questão dos direitos de posse de terras possui assim amplas dimensões culturais e mesmo transcendentes. Considerou-se, em cotejos com o Brasil, a consciência de identidade indígena que se observa em situações norte-americanas, ainda que, em particular nos Estados Unidos, se constate a frequente presença de símbolos nacionais americanos no quotidiano.
Os estudos promovidos pela A.B.E. na América do Norte terão continuidade em novos encontros e levarão à elaboração de relatos que deverão ser oportunamente divulgados.
12.08.2015
São Paulo. Memória de bairros e estudos da imigração: documentos do passado de Vila Santa Maria, Bairro do Limão, Vila Palmeiras e Cachoeirinha. Nos encontros realizados no centro brasileiro de estudos da A.B.E., em Julho do corrente ano, voltou-se a considerar temas relacionados com imigrantes e seus descendentes, dirigindo-se a atenção agora sobretudo a relações entre a imigração européia e a expansão urbana de São Paulo.
Esse complexo temático já foi considerado sob diferentes aspectos nos anos 60 do século findo no âmbito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em estudos desenvolvidos em cooperação com pesquisadores culturais, em particular com membros da Associação Brasileira de Folclore.
Vários bairros de São Paulo denotam na sua feição, imagem e identidade a presença de imigrantes do passado, o que se manifesta em associações generalizadoras como do Brás ou da Bela Vista como bairros italianos, da Liberdade como bairro japonês e outras. Algumas dessas designações já não correspondem à realidade, como é o caso do Brás.
Também não correspondem em muitos casos à história anterior àquela da predominância de imigrantes de determinada origem que marcou a imagem por mais longo tempo.
A configuração da população desses bairros não foi homogênea, mas constituída de imigrantes vindos de diversos países em diferentes épocas. A dinâmica das interações culturais entre esses imigrantes e brasileiros já moradores nos vários contextos deve ser assim considerada com especial atenção nos estudos histórico-culturais dos bairros. Estes estudos surgem como fundamentais para a memória local, a consciência histórica, a identidade barrial de moradores atuais e mesmo para desenvolvimentos urbanos refletidos.
Há bairros e complexos de bairros que perderam totalmente a sua história, que permanece desconhecida de seus habitantes e que, assim, poucos elos afetivos e mentais podem desenvolver para com o meio em que vivem.
São bairros que se tornaram anônimos e sem fisionomia na massa de edifícios que desfiguraram paisagens, condições topográficas originais, e que substituiram construções mais antigas. Neles, o presente não é percebido como inserido em processos transformatórios nos quais estiveram envolvidos em muitos casos imigrantes de diferentes origens.
Este é o caso do complexo além-Tietê de bairros como Bairro do Limão, Santa Maria, Cachoeirinha, Vila Palmeiras, Vila Barbosa e outros que atingem a serra da Cantareira. A uniformidade da fisionomia sem características próprias desses bairros no presente não permite que se conceba a riqueza perdida em qualidades paisagísticas dessa região e de vida de seus moradores na primeira metade do século XX.
Para o seu resgate, tornam-se decisivas as informações orais e os documentos fotográficos daqueles que ali nasceram e viveram, hoje já poucos e em avançada idade. Com base no material conservado, considerou-se o papel de famílias de imigrantes de diferentes origens na vida desses bairros nas décadas de 20 e 30 o século findo.
Ao lado de portugueses, espanhóis, italianos - em particular na Vila Santa Maria e Cachoeirinha -, trouxe-se à tona a presença de húngaros na Vila Palmeiras, o que chegou a marcar com o seu modo de vida, a paisagem dos baixos cortados pelo rio Cabuçu.
Este rio, hoje desfigurado por canalização, expansão urbana descontrolada e considerado como cloaca aberta, foi, à época, corrente de águas límpidas, cortando região de natureza exuberante, onde crianças de diferentes origens culturais banhavam-se. Tais imagens ficaram indeléveis na memória daqueles que ali nasceram, que hoje ainda vivem e que percorrem consternados essa região de São Paulo destruída, apesar de todo o seu pretenso desenvolvimento.
11.08.2015
Portugal/Brasil. Avaliação de efeitos de eventos euro-brasileiros no interior de São Paulo sob o signo da preocupação atual pela má-conduta nas ciências. Nos encontros realizados recentemente no centro brasileiro de estudos da A.B.E. (Veja notícias), considerou-se sob diversos aspectos as relações entre o „pensar global e o agir local“.
Esse propósito diz respeito à própria concepção que levou à criação de centros de estudos da A.B.E. em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos e universitários, mais adequadas para um trabalho concentrado, tanto do Brasil como na Alemanha.
A existência de institutos de pesquisa isolados, em regiões de qualidades ambientais e de natureza menos depredada, é comum na Europa e nos Estados Unidos. Insere-se numa antiga tradição, bastando lembrar que há séculos os mosteiros beneditinos, situados em regiões de belezas naturais, constituiram centros de estudos, de meditação, de vida contemplativa e de trabalho intelectual que foram de fundamental significado para a história do pensamento e da cultura do Ocidente. Esse foi o caso do centro de pesquisas do instituto de estudos hinológicos e etnomusicológicos da organização pontifícia de música sacra, situado próximo à abadia de Maria Laach, na Alemanha, que durante décadas atuou em estreitas relações com pesquisadores brasileiros. (Veja)
Ainda hoje, como o demonstram os mosteiros - também os secularizados - da Alemanha, da Áustria ou da França - esses centros desempenham importante função no calendário de eventos culturais e de oferta de conferências, cursos e seminários.Vários centros dessa natureza são aqueles da Baviera recentemente revisitados (Veja notícias anteriores).
O propósito do „pensar global e agir local“ pode ser entendido sob diferentes perspectivas e adquire particular atualidade devido aos graves problemas de qualidade de vida, urbanos e sociais das metrópoles, assim como necessidade resultante do desenvolvimento crítico as universidades, que em grande parte deixaram de ser centros adequados para estudos filosóficos, teórico-culturais e humanísticos.
O propósito pode ser entendido também como agir ino sentido mais amplo de atividade mental através de estudos desenvolvidos em determinada região de qualidades naturais e, a partir dele, de pensar global.
Neste sentido, trata-se antes de desenvolvimento de centros por assim dizer „extra-territoriais“ de estudos, pensamento e de retiro para reflexões aprofundadas em determinadas regiões que exercem a função de fábricas de produção de idéias e de tratamento de temas de significado supra-regional e mesmo internacional.
Este propósito, que é o caso dos centros de estudos da A.B.E., demonstra a sua atualidade também em iniciativas ocmo o das ideas translated (Veja notícia anterior).
Essa compreensão e prática do agir local e pensar global não impede que esses centros se tornem focos de difusão de idéias nos locais em que se encontram, influenciando e mesmo determinando desenvolvimentos na vida cultural local.
O espírito de emulação, ambições e intuitos de supremacia, assim como receios de perda de função predominante como representantes exponentes de localidades interioranas por parte de pesquisadores e de pessoas que „mexem com cultura“ levam a grandes esforços de imitação, de apropriação de temas, de tomada de posse de áreas de assuntos, de criação de iniciativas e eventos similares nas próprias regiões.
Esse desenvolvimento não é, em si, negativo, pelo contrário, até mesmo desejável, desde que sejam guardados os princípios fundamentais da ética e da boa conduta profissional e humana. O receber impulsos não deve levar a plágios e à deturpação do vir-a-ser de idéias e projetos, sugerindo de forma injusta e incorreta pioneirismos que não correspondem ao desenvolvimento histórico.
Detectar, analisar e criticar essas expressões de má-conduta são exigências que preocupam o meio científico internacional, como tematizado na atual edição do Humboldtkosmos (Veja notícia anterior).
Esse complexo de questões foi tratado em encontro euro-brasileiro realizado em Julho com a presença de organizadores locais de colóquio internacional realizado em 1988 no centro brasileiro de estudos da A.B.E..
Com base em documentos e fotografias de encontros e apresentações musicais então realizados e conservados pelo Dr. Dirceu Zappa, considerou-se os impulsos que forneceram para o desenvolvimento de iniciativas locais e regionais e que levaram a uma extraordinária e em parte exacerbada intensificação de projetos, ações, eventos musicais e folclóricos, publicações e gravações.
O colóquio internacional de 1998, que contou com a presença acentuada de pesquisadores de Portugal, foi realizado com o apoio de universidades e comissões internacionais, tendo sido precedido por ciclos de estudos em cidades portuguesas.
Entre elas distinguiu-se Amarante, pois a linguagem antropológico-simbólica das tradições relativas ao dominicano S. Gonçalo celebrado naquela cidade revelou-se como de fundamental significado para os estudos de linguagem visual nos trabalhos realizados anteriormente na Alemanha e no Vaticano. A presença de importantes representantes dos estudos portugueses e do mundo lusófono em geral no colóquio levou a contatos pessoais que se mantiveram após o evento. Esse foi o caso da Profa. Dra. Margarida Lacerda, que durante anos manteve correspondência com estudiosos locais.
A atenção a Portugal despertada pelo colóquio levou a sinergias que se manifestaram em criação de foco em sítio local que procurou ser similar ao centro da A.B.E., denominado segundo o vulto considerado no evento, em viagens efetuadas a Portugal, sobretudo a Amarante, e, em particular, na adoção de perspectivas de tratamento teórico-cultural de complexos temáticos segundo critérios voltados às fontes históricas e à análise da linguagem visual que são próprios da A.B.E. e que vêm sendo amplamente divulgados pela Internet. Esses critérios levam, entre outros aspectos, a uma renovação dos estudos da área de folclore, não só daqueles relativos à „dança de S. Gonçalo“, mas também de festas do Divino Espirito Santo, de Congadas, de Pastorís, de tradições religiosas como aqueles dos cantos de Verônica e outras.
Essa sinergia é positiva sob muitos aspectos, deve, porém, desenvolver-se dentro de um campo de forças da cooperação intelectual e humana digna, sem intuitos resultantes de vaidades, de desejos de auto-projeção e dominância, que não apenas silenciam desenvolvimentos, esforços e conquistas intelectuais de outros estudiosos como também procuram reescrever a história da pesquisa.
10.08.2015
Salvador/BA. Lançamento do livro Guilherme de Mello e a música no Brasil e simpósio. O Centro de Estudos Miguel Santana, apoiado pelo Sindicato dos Bancários e a Editora Pimenta Malagueta anunciam o lançamento do livro Guilherme de Mello e a música no Brasil, de autoria de Marcos Santana. O evento integra a abertura do simpósio de mesmo título e que pretende ser o primeiro de uma série.
A sessão terá lugar no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia - Avenida 7 de Setembro 94, Piedade, Salvador -, no dia 12 de agosto do corrente mês às 14 hs.
09.08.2015
Grã-Bretanha/USA/Brasil. Idéias traduzidas/ideas translated - encontros com Ricardo Dannemann. Em encontros de Julho do corrente no Brasil (Veja notícias anteriores), houve a oportunidade de troca-de-idéias com Ricardo Dannemann, diretor-chefe de „ideas translated“, empreendimento que oferece traduções feitas exclusivamente por brasileiros nativos, especializados no trabalho de verter textos do inglês ao português falado no Brasil.
As atividades concentram-se sobretudo na área de telecomunicações e tecnologia de meios eletrônicos. A especilização em ciência da computação é possibilitada pelo domínio de sistemas e de recursos em gerar traduções. Entre os trabalhos já realizados: databases, DTP, electronic tile inspection system, fax, firewalls, industrial surveillance systems, printed circuit boards, printers, routers, scanners, telecommunications systems, virtual shopping centre and e-commerce application, voice recognition systems e Web page designer. (Veja Web-site de ideas translated)
Essas atividades de Ricardo Dannemann são possíveis devido à grande experiência que possui no mundo anglofone, uma vez que viveu e atuou ca. de 10 anos em Londres. Desde 1996 é membro do Institute of Translation and Interpreting do Reino Unido. Tendo obtido uma educação bilingue no Brasil, transferiu-se em 1995 para a Inglaterra para realizar estudos de especialização em língua inglesa. A sua carreira iniciou-se com a tradução de textos científicos do português para o inglês. Logo obteve oportunidade de trabalho na República da Irlanda, onde criou uma rêde de contatos no país e com agências na Grã-Bretanha voltadas a elos com o Brasil e àqueles entre o Reino Unido e os Estados Unidos.
A ampla e diversificada formação de Ricardo Dannemann permite compreender as dimensões do escopo de ideas translated. Formado em Biologia, dedicando-se também a questões ecológicas, com grande experiência no Exterior através de viagens e elos familiares em países da Europa, os seus conhecimentos e interesses relacionam-se tanto com Ciências Naturais como com Ciências Humanas. Foi, assim, o incentivador e tradutor da obra básica da técnica Alexander - A Suprema Herança do Homem; orientação e controle conscientes em relação à evolução humana na civilização (São Paulo: Pólen 2014, ISBN 978-85-98349-15-2, na qual é formado e na qual colabora com Reinaldo Salvador Renzo (Veja notícia anterior).
A tarefa que empreende diz respeito à necessidade de conversão de textos no seu sentido adequado do inglês ao português. Para isso, não bastam leituras literais, tornando-se necessário compreender sentidos mais profundos e intenções do texto original. Essa leitura exige a atenção a pormenores. Como é proposto por ideas translated, o pensar global na era da tecnologia envolve levar em conta os pressupostos culturais dos envolvidos em diferentes países. Nenhum projeto globalizador pode ser efetivo sem uma adaptação cultural apropriada dos seus conteúdos.
Nas trocas-de-idéias, considerou-se o fato à primeira vista surpreendente de Ricardo Dannemann ter escolhido como local de vida e de desenvolvimento do seu trabalho uma região rural do interior do Estado de São Paulo, limítrofe de Minas Gerais - a da serra da Mantiqueira.
Um dos motivos que justificaram esse passo é o da situação das metrópoles brasileiras, que com a sua agitação, problemas sociais e desenvolvimento urbano descontrolado não só não mais possibilitam qualidades superiores de vida sob muitos aspectos, como também o trabalho concentrado.
Assim optando, Ricardo Dannemann passou a desenvolver uma rêde de contatos de pessoas com formação intelectual e interesses culturais que se encontram regularmente para a discussão informal de temas e experiências atuais nas diversas áreas do saber e da criatividade. Nesses encontros, não se procura chegar a conclusões. Servem à troca de informações, de experiências e a brainstorming. O achar idéias, o fomento do pensamento criativo, também especialmente conhecido da tradição britânica, relaciona-se ao escopo de ideas translated.
O pensar global e o atuar local revelam-se aqui de forma exemplar. Diferencia-se, porém, daquele agir de estudiosos locais e regionais voltados às tradições da terra, à conservação da promoção de cultura consuetudinária. Surge como expressão de um pensar e agir global - através da tradução línguistica e cultural - em meio apto à concentração e ao desenvolvimento do pensamento: aquele da natureza de um meio ambiente ainda pouco depredado.
08.08.2015
São Paulo. A Suprema Herança do Homem de F. M. Alexander para o mundo de língua portuguesa. Durante encontro realizado no centro brasileiro da A.B.E. em Julho do corrente ano com Reinaldo Salvador Renzo, o diretor da Escola Brasileira de Formação da Técnica Alexander Pensar Em Atividade (Veja noticia anterior) e organizador de cursos em que tomam parte atores, cantores e instrumentistas, também no âmbito internacional dos festivais de inverno de Campos de Jordão, considerou-se uma publicação básica desse método, também acessível em português sob o título de A Suprema Herança do Homem. (A Suprema Herança do Homem; orientação e controle conscientes em relação à evolução humana na civilização, São Paulo: Pólen 2014, 332 p. ISBN 978-85-98349-15-2)
Nas trocas-de-idéias participou também Ricardo Dell‘Aera Dannemann, tradutor do livro com base no original em inglês (Man‘s supreme inheritance, Londres: Mouritz) e cujo empenho foi importante na concretização do projeto de R. S. Renzo.
Entre os agradecimentos, registram-se, entre outros, o nome de Alexandre Dória Ribeiro como gerador do conceito da edição. Como coenditores, mencionam-se os nomes de Antonio Moreira Salles e Nauricio Gaspar Raimondo.
Essa obra permite uma aproximação à visão do criador da técnica Alexander - Frederick Matthias Alexander (1869-1955). A edição, de alta qualidade de impressão e apresentação visual, apresenta, na capa, fotos possibilitadas pela entidade internacional de formação de professores da técnica (The Society of Teachers of The Alexander Technique, Londres, 2014).
A lista de instituições e de pessoas que apoiaram a realização da publicação faz com que esta surja como um exemplo expressivo do trabalho cooperativo e solidário de pessoas unidas por um ideal e do significado da iniciativa particular no campo das idéias no Brasil.
A publicação inclui, de abertura, uma apresentação à edição brasileira, por Reinaldo Renzo, sob muitos aspectos fundamental, um Preâmbulo de Walter Carrington, o Prefácio à primeira edição (1910), o texto „Ao meu leitor“ (1918), o Prefácio à nova edição (1945) e uma introdução de John Dewey.
A primeira parte do livro traz o título „A Suprema Herança do Homem“, tratando dos ítens: Das condições primitivas até as necessidades atuais; Os remédios primitivos e seus defeitos; Subconsciência e inibição; Controle consciente; Controle consciente aplicado; Hábitos de pensamento e do corpo; A cultura racial e o treinamento de crianças; Normas evolutivas e a sua influência sobre a crisde de 1914.
A segunda parte é dedicada ao tema „Orientação e Controle Conscientes“. Nela, aberta por uma introdução, tratam-se dos ítens: Sinopse da alegação; O argumento; Os processos da orientação e do controle conscientes; Orientação e controle conscientes na prática; Orientação e controle conscientes: apreensão e reeducação; Erros e ilusões individuais; Notas e exemplos.
A terceira parte, é dedicada à teoria e prática do novo método de reeducação respiratória. O capítulo, também aberto por uma introdução, inclui os ítens: A teoria da Reeducação Respiratória; Erros a serem evitados e fatos a serem lembrados na teoria e prática da Reeducação Respiratória; A prática da Reeducação Respiratória e Comentários finais. A edição inclui grande número de apêndices, entre êles uma nota de Jean M. O. Fischer (1996), Avaliações de John Dewey, Frank Granger, J. H. Jowett e H. M. Kallen; texto da edição de 1910 omitido nas subsequentes;; histórico de um caso de Controle Consciente (1912) omitido em edições posteriores; texto das eições de 1918 e 1941 omitido da edição de 1946; trechos de resenhas e avaliações (1910 e 1918).
A edição impõe-se não apenas pelo significado do projeto em colocar à disposição de leitores da língua portuguesa importante obra de F. M. Alexander, como testemunho do atual redescobrimento e renovado interesse pela técnica na Europa e no Brasil, assim como pela excelência da sua organização, da tradução e de sua apresentação visual e gráfica.
A sua atualidade revela-se também sob o aspectos dos estudos de processos culturais referentes ao Brasil, uma vez que reflexões sobre a Evolução e o Evolucionismo nas suas amplas dimensões em fins do século XIX e XX estão sendo discutidos em ano em que se rememora a metamorfose do Rio de Janeiro nos anos anteriores à Guerra de 1914. (Veja)
A atualidade de uma reconsideração do pensamento de F. M. Alexander transcende, porém, os estudos de contextos e processos referenciados segundo o Brasil, pois vêm de encontro à necessidade de reconscientização diferenciada do longo caminho de empenhos esclarecedores em presente marcado por um incremento de desenvolvimentos obscurantistas.
07.08.2015
Bonn. A má conduta nas ciências e suas consequências. Durante os encontros realizados no Brasil no âmbito dos preparativos para um projeto de indicação de pesquisador brasileiro para prêmio concedido pela Fundação Alexander von Humboldt, (Veja notícia), veio à pauta o problema cada vez mais premente representado por plágios e pela pirataria intelectual em geral nas relações internacionais entre pesquisadores.
Para além de problemas éticos quanto à integridade e dignidade de estudiosos e cientistas, esses procedimentos trazem graves consequências para os conhecimentos e a ciência.
Agora, a Fundação Humboldt lança a edição atual de sua revista Humboldtkosmos (N°104/2015) dedicada especificamente ao tema (Mit Tricks zum Erfolg“/Cheating One‘s Way to Success?).
Entre outros aspectos da problemática, a publicação oferece artigos sobre os temas „E não nos deixe cair em tentação“, „Honestidade na ciência - algo do passado?“, e „Querendo fazer de tudo para ter um artigo publicado em Science“.
No primeiro - „And lead us not Into temptation“ - de Thomas Vitzthum, salienta-se que escândalos resultantes de fraudes abala a credibilidade da ciência. Aqueles que os causam são impulsionados por motivos pessoas como ambição desmedida, desejo de reconhecimento ou de alcance de sucesso. Mas as reais razões de fraudes e manipulações resultam do sistema.
No segundo texto - „Honesty in Science - A thing of the past?“ - do Prof. Dr. Helmut Schwarz, Presidente da Fundação, considera-se que fraude e alegações de fraude tornam- se instrumentos de combate, concluindo-se pela necessidade de uma posição mais ampla contra a tendência em classificar a desonestidade como bagatela ou trivialidade desde a escola.
No terceiro texto - „Willing to do anything for an article in Science“ - apresenta-.se uma entrevista de Georg Scholl com o bioquímico e manager científico Prof. Dr. Ernst-Ludwig Winnacker. Considera-se que departamentos de grandes dimensões e hierarquizados são em parte responsáveis em levar a que a comunidade de pesquisa se torne susceptível a ações fraudulentas.
A conversa sobre a responsabilidade e a tentação, assim como da idoneidade de julgamento utiliza aqui de uma comparação com situações na vida musical no exemplo da Orquestra Filarmônica de Viena. Nela não se julgam músicos em concursos à vista, mas sim após a audição de sua execução por detrás da cortina. Como poder-se-ia introduzir uma similar cortina na pesquisa?
06.08.2015
Gummersbach. Lançamento da Revista Brasil-Europa 156 - encontro de verão no centro europeu de estudos da A.B.E.. Para comemorar-se o lançamento do quarto número de 2015 da Revista Brasil-Europa (Veja), realizou-se um encontro de membros e amigos da instituição da Alemanha e da Suíça que mais acompanharam pessoalmente os empreendimentos de viagens e ciclos de estudos que possibilitaram a edição. Com o belo tempo que predomina no verão do mês de agosto europeu, resolveu-se realizar desta vez o encontro na forma de uma reunião informal e jantar festivo no parque-jardim do centro de estudos europeu da A.B.E..
Várias áreas de estudos e atividades estiveram representadas, o que favoreceu a consideração sob diferentes perspectivas dos resultados dos trabalhos recentemente promovidos no Canadá, Estados Unidos e no Brasil. Entre elas, salientaram-se as da Medicina, da área de bancos e Finanças, da Arquitetura, de empreendimentos imobiliários e da logística empresarial. Assuntos pragmáticos, em particular de financiamento e realização de viagens e ciclos de estudos foram particularmente considerados, sempre se lembrando que a instituição não procura e não recebe por princípio recursos financeiros de instâncias e órgãos brasileiros. Os empreendimentos são realizados com recursos próprios e graças ao empenho altruístico de pesquisadores.
Para além desses vínculos profissionais específicos, os presentes salientam-se por interesses culturais, em particular pela música. Para além do relato de atividades na América do Norte e no Brasil - aqui em particular sobre trabalhos relativos a projeto junto à fundação Humboldt realizados durante meses com professores da Universidade Federal Fluminense (Veja notícia anterior)- , trocaram-se informações a respeito de experiências e observações obtidas em viagens recentes à França, aos Países Baixos, à Áustria e planos para os Baleares, assim como sobre os projetos da A.B.E. em andamento na Baviera (Veja notícias anteriores).
A atual edição da Revista Brasil-Europa, sob o motivo condutor „Niagara & Pão de Açúcar“, relaciona-se estreitamente com a a região na qual se situa o centro europeu de estudos da A.B.E.: o antigo ducado de Berg. É nessa „Bergisches Land“ que também se situa Leichlingen, terra natal do engenheiro que é celebrado na Alemanha como responsável técnico pelo „bondinho“ do Pão de Açúcar. Esse fato justificou, em fins da década de 70, a escolha dessa cidade e região como centro de estudos euro-brasileiros, que passaram a sediar um Forum internacional de estudos. (Veja)
Como no Rio de Janeiro salienta-se sobretudo o papel desempenhado por engenheiro brasileiro, essa diferença de avaliações históricas deu origem ao tratamento de questões relativas à imagem e à recepção do Brasil na Europa que vem marcando de forma pioneira os trabalhos da A.B.E. há décadas. (Veja)
A experiência dos participantes do encontro na América do Norte em diferentes épocas e regiões contribuiu à discussão das observações e dos estudos desenvolvidos recentemente no Canadá e nos Estados Unidos. Dando continuidade aos contatos já de longo tempo mantidos com a comunidade lusófona de Mississauga/Toronto, salientou-se o intento de, através de pesquisas, dar-se profundidade histórica às atividades culturais de brasileiros em Toronto e região. (Veja)
Mencionou-se, com gratidão, a colaboração obtida de diferentes instituições, universidades, conservatórios, fundações e museus das cidades visitadas. Os vários textos publicados na edição relativos à presença do Brasil em Ontario foram considerados em alguns de seus aspectos (Veja), traçando-se elos de continuidade com a próxima edição do órgão da A.B.E. e do I.S.M.P.S. agora em preparação.
05.08.2015
São Paulo. A técnica Alexander como tema de reflexões - Pensar Em Atividade - encontro com Reinaldo Salvador Renzo. Em encontro realizado em Julho próximo passado no centro brasileiro de estudos da A.B.E., considerou-se com especial atenção iniciativas e atividades relativas ao método Alexander no Brasil, assim como aspectos fundamentais quanto às suas bases, ao contexto em que surgiu, à sua utilidade na prática em diversas áreas do conhecimento e das artes, assim como às suas dimensões mais amplas.
A técnica traz o nome de seu fundador, o australiano Frederick Matthias Alexander (1869-1955), nascido na Tasmania. Atuando em Melbourne na sua juventude, como ator e declamador, procurou caminhos para superar problemas que enfrentou com a sua voz. Observando o seu comportamento psicofísico, chegou a desenvolver um método que parte da constatação da unidade psicofísica do homem - da inseparabilidade de corpo e mente -, e, assim, da consciência como fator no desenvolvimento da coordenação do homem.
Em 1904, Alexander estabeleceu-se em Londres, tendo orientado personalidades de renome da literatura e das artes, entre eles George Bernard Shaw e Aldous Huxley. Nos Estados Unidos, foi alvo da atenção e da amizade de John Dewey, o que indica que a sua técnica possa ser considerada nas suas relações com a filosofia, o pensamento pragmático e a educação na América do Norte.
Reinaldo Salvador Renzo (*1956), especialista e professor do método, expôs, no encontro, o caminho que percorreu na sua aproximação ao método na Europa e suas atividades no Brasil.
Já contando com experiência de trabalho em arquitetura e como ator, e desejando melhorar a sua presença no palco como cantor, entrou em contato com a Técnica Alexander em Londres. Em 1995, terminou o curso de formação como professor dessa técnica no Brighton Alexander Centre. Já graduado, desenvolveu os seus conhecimentos e a sua experiência no Constructive Teaching Centre. Atuou de 1997 a 2000 na Finlândia, na Grã-Bretanha e no Brasil.
Em São Paulo, Reinaldo Renzo criou, com Isabel Sampaio e Roberto Reveilleau o Pensar Em Atividade. Instituiu, em 2011, o primeiro curso de formação de professores no Brasil, tendo o seu centro de ensino da Técnica na Alameda Casa Branca, Jardim Paulista, São Paulo. Também realizando traduções de textos de Alexander, Reinaldo Renzo procurou lançar as bases para cursos de formação na Técnica em outros países lusófonos.
Além de ser diretor da Escola Brasileira de Formação da Técnica Alexander: Pensar em Atividade, Reinaldo Renzo é membro da Associação Brasileira da Técnica Alexander e da Society of Teachers of the Alexander Technique. Entre aqueles que realizam os cursos, encontram-se cantores, regentes e instrumentistas. Em Julho do corrente ano, Reinaldo Renzo ofereceu cursos no âmbito o Festival de Inverno de Campos de Jordão.
04.08.2015
Bonn/São Paulo/Niterói. Trabalhos para concorrência ao Prêmio Sofja Kovalevskaja. Nos últimos meses desenvolveram-se intensos trabalhos relativos a uma indicação da A.B.E. de pesquisador brasileiro para o prêmio Sofja Kovalevskaja, e que tiveram o seu término em encontros levados a efeito no centro de estudos brasileiro da A.B.E., no mês de julho (Veja). A discussão desse projeto foi até mesmo o principal motivo da realização desse encontro, que exigiu dos participantes viagens do Exterior e de outras regiões do Brasil. Esse prêmio, financiado pelo Ministério de Formação e Pesquisa da Alemanha, é conferido pela Fundação Alexander von Humboldt a cientistas no início da carreira que já se distinguiram através de estudos de excelência e inovativos.
O prêmio possibilita a esses estudiosos promissores do Exterior a direção de grupo de trabalho numa determinada instituição na Alemanha. Sem tarefas administrativas, o cientista obtém condições financeiras para dedicar-se à pesquisa e integrar-se no meio científico internacional. Nas conjecturas preparatórias à indicação de brasileiro ao prêmio, assim como a formação de grupo de trabalho específico na A.B.E., empenharam-se vários pesquisadores, salientando-se, no Brasil, professores da Universidade Federal Fluminense. O projeto não pôde porém ter continuidade, uma vez que o prêmio tem como requisito que o indicado não tenha feito o seu doutoramento há mais de 6 anos, o que, no caso, foi ultrapassado por poucas semanas.
03.08.2015
São Paulo. Encontros no centro de estudos da A.B.E. no Brasil. Realizaram-se, no mês de julho, encontros informais e reservados para trocas-de-idéias a respeito da revitalização do centro brasileiro de estudos da A.B.E. na serra da Mantiqueira, de projetos em andamento e futuros.
Os temas tratados abrangeram amplo espectro de questões de várias áreas dos conhecimentos. As trocas-de-idéias tiveram início no dia 5 com a vinda do Rio de Janeiro do Prof. Dr. L. F. Kaltner, da Universidade Federal Fluminense, autor de vários estudos publicados nos últimos anos na Revista Brasil-Europa.
As reflexões voltaram-se primeiramente a problemas da universidade no Brasil, de atualidade devido às longas greves, e, em particular, à situação e às perspectivas dos estudos clássicos e da latinidade. Também foram consideradas possibilidades da atuação de brasileiros na Europa e questões relativas à educação de filhos de residentes.
Centro das atenções foi o desenvolvimento de um amplo projeto sob a direção do Prof. Kaltner dedicado ao uso da lingua latina nas ciências, em particular por cientistas do século XIX, cujos trabalhos em Botânica e Zoologia, em grande parte ainda não traduzidos, representam importantes fontes para estudos voltados às relações entre a Cultura Clássica e os Estudos Ambientais. Dá-se continuidade assim, ao programa Cultura/Natureza, central preocupação da A.B.E..
Essas preocupações dizem respeito também aos estudos etnológicos, em particular daqueles referentes às culturas indígenas, como considerados no âmbito do projeto internacional iniciado no ano da Conferência do Meio Ambiente no Rio de Janeiro, em 1992, e nos empreendimentos que se seguiram. Alguns de seus resultados foram apresentados nos 5 volumes já publicados.
Lembrou-se, em particular, da apresentação de trabalhos etnológicos e histórico-culturais desenvolvidos em sessão realizada em cooperação com as universidades de Bonn e Colonia na Academia Paulista de Letras sob a presidência do Prof. Dr. Erwin Theodor Rosenthal, em 2002, em particular daqueles relativos aos trabalhos de cientistas centro-europeus vindos ao Brasil no contexto político marcado pela personalidade de Dna. Leopoldina, arquiduquesa da Áustria, primeira imperatriz do Brasil.
Tendo descoberto e editado o livro Frey Apollonio: Ein Roman aus Brasilien, erlebt und erzählt von Haroman, de Carl Friedrich Philipp von Martius (Berlin: Dietrich Reimer, 1992), com apoio da Humboldt Stiftung, Bonn, o Prof. Rosenthal salientou o significado múltiplo e a atualidade de obras do botânico von Martius, entre elas sobretudo a sua monografia sobre palmeiras - Historia Naturalis Palmarum 1823 - e a Flora Brasiliensis, publicada entre 1840 e 1906 em Leipzig.
15.07.2015
Osterfelderkopf, Wettersteingebirge. Fim-de-semana bávaro-escocês: relações entre tradições musicais de terras montanhosas em diferentes contextos culturais. Uma dos aspectos dos estudos de processos culturais da época dos Descobrimentos é aquele voltado à participação de camponeses de terras altas do interior de Portugal nas navegações com a correspondente transmissão de práticas tradicionais às terras contatadas na África, na Ásia e ao Brasil.
Como tratado e discutido em diferentes ocasiões desde o início da década de 80, menções de autores portugueses do século XVI sugerem uma diferenciação entre música de camponeses e de marujos, assim como a crescente inclusão de montanheses nas viagens marítimas no decorrer da expansão.
Instrumento emblemático da vida campestre das montanhas era a gaita de foles, então de ampla difusão popular na Galícia e Norte de Portugal. Notícias de que esse instrumento foi transportado nos navios para a diversão dos marinheiros e, assim, para as regiões contatadas, levaram a uma particular consideração desse instrumento, que hoje é conhecido antes como característico das ilhas britânicas.
Em particular o conteúdo simbólico desse instrumento, proveniente da Antiguidade e elucidado nos tratados, explica as suas conotações com a terra e, do ponto de vista antropológico, com o homem terreno. Em estudos teológicos e de tradições populares religiosas em diferentes contextos, discutiu-se, assim, as relações da gaita-de-foles com o período natalino, o do mistério da Encarnação do Logos na humanidade carnal. Não apenas em presépios como instrumentos de pastores, mas também nas missas de Natal revelaram-se através dos séculos características da música produzida por esse instrumento.
Esses estudos foram realizados em diferentes contextos, na Inglaterra, Escócia, mas também no Canadá, entre outros (Veja). Importante foi sempre o considerar que, se o instrumento em si, devido às dificuldades de sua construção, não permaneceu em geral nos países colonizados, a sua música e o contexto em que se inseriram mantiveram a sua vigência.
Há, assim, sentido em considerar com atenção a música campônea de regiões montanhosas e o contexto de significados sob a perspectiva do Brasil.
Nos estudos agora desenvolvidos na Baviera, um outro contexto de relações culturais de terras altas foi foco de particular atenção: o das ilhas britânicas, em particular da Escócia com a região alpina. Em fim de semana bávaro-escocês - sábado bávaro e domingo escocês - festejou-se nos dias 20 e 21 de Junho elos entre essas duas regiões de montanhas com comidas tradicionais, danças, toques de gaita-de-foles, consumo de cerveja e whisky, e sobretudo de danças, entre elas ensinando-se o Gay Gordons, popular prática de antigas country-dances.
Esses elos bávaro-escoceses revelam um contexto comum de sentidos e práticas que não deixam de ter significado para estudos das tradições alemãs transportadas para as regiões de imigrantes no Brasil.
O conteúdo de sentidos do emblemático instrumento que se encontra subjacente ao conjunto de práticas tradicionais festivas abre caminhos para a leitura de tradições natalinas tão características e importantes para os descendentes de antigos colonos dessas regiões brasileiras, mesmo que nelas nada se revele de imediato como sendo escocês.
Do ponto de vista dos estudos voltados ao presente, cumpre salientar que a popularidade atual de tradições dos pastos de altura de regiões alpinas (Alm) - entre elas a dos Schuhplattler acompanha a moda do uso de kits escoceses em festas. Nelas, registra-se singularmente um grande interesse pelo forró brasileiro. Este foi o caso do Almdudler-festival gay de Wörthersee, na Áustria, em 2014 (Veja notícia)
08.07.2015
Alta Baviera. O fascínio pela Baviera da mãe brasileira de Thomas Mann (1875-1955). A mãe brasileira de Thomas Mann - Julia da Silva-Bruhns - tem sido considerada em obras sobre esse escritor - uma dos maiores vultos da literatura alemã do século XX.
Em 1999, realizou-se uma exposição na representação do Estado de Schleswig-Holstein em Bonn, então ainda capital da Alemanha, promovida pela Deutsch-Brasilianische Gesellschaft. Em conferência com base nas pesquisas promovidas pelo ISMPS tratou-se do ambiente musical de Parati e circunvizinhanças no século XIX, local de formação de Julia da Silva-Bruhns, uma vez que também ela cultivava a música, tocando bem piano e cantando modinhas e Lieder.
Na Alemanha, os estudos de contextos de vida da brasileira após o seu casamento e da infância de Thomas Mann foram desenvolvidos sobretudo em Lübeck. Entre outros pontos, considerou-se os muitos elos dessa cidade da antiga Hansa com o Brasil, em especial com o Rio Grande do Sul, lembrando-se aqui do Teatro S. Pedro nos seus vínculos com o teatro de Lübeck. (Veja)
Julia da Silva-Bruhns era filha do fazendeiro Johann Ludwig Bruhns e de Maria Luiza da Silva, de origem luso-brasileira. A problemática creola, discutida recentemente no Índico, como relatado na Revista Brasil-Europa (Veja), tem assim relevância para a consideração de Julia da Silva-Bruhns e, através dela, para estudos relativos à formação de Thomas Mann. Também os estudos desenvolvidos sobre a cultura musical de Parati e Angra dos Reis, em particular de música de dança - sobretudo quadrilhas - corresponde à atualidade dos estudos criolos nas várias partes do mundo (Veja).
Em biografia publicada em tradução alemã em 2006 do germanista polonês Roman Karst (1911-1988) (Thomas Mann: Eine Biographie, trad. do polonês por Edda Werfel), professor da Universidade de Varsóvia e da State University of New York, considera-se a origem de Lübeck do pai de Julia da Silva-Bruhns.
Ainda jovem, emigrou para o Brasil, onde fundou uma firma de exportação em São Paulo. Com o capital adquirido, passou a dedicar-se à plantação de açúcar e cafe. Casou-se com Maria da Silva em 1848. Ao falecer a esposa, os filhos, acompanhados de uma ama de côr, foram enviados a Lübeck para serem educados.
O autor descreve expressivamente a admiração causada pela vinda desses brasileiros à cidade norte-alemã. Júlia foi educada num pensionato de meninas, sob a direção de Therese Bousset. Julia passou detalhes dessa fase de sua vida a seus filhos, que depois os consideraram em textos: Heinrich Mann no seu romance Zwischen den Rassen, e Thomas Mann no Buddenbroocks.
O casamento do consul Thomas Heinrich Mann com Júlia deu-se no dia 4 de Junho de 1869. O casal mantinha uma casa aberta a visitas, com saraus lítero-musicais. Dela, que executava preferencialmente Chopin,Thomas Mann recebeu o gosto pela música, o que marcou a sua vida e obra. Julia Mann cantava não apenas modinhas, mas canções de Schubert, Schumann, Brahms, até dos mais recentes autores de cunho pós-wagneriano. Se a vida de Julia Mann e a infância e primeira juventude de Thomas Mann em Lübeck foram assim consideradas sob diversos aspectos, dedicou-se agora, no âmbito dos estudos desenvolvidos na Baviera (Veja notícias) à fase de Munique de suas vidas.
Após a morte do seu marido, em 1891, Júlia Mann, fascinada pela paisagem e pela vida na Baviera, mudou-se para Munique, em 1892. Seguiu-a o seu filho após o término dos seus estudos, passando a morar com a mãe em amplo apartamento na Rambergstr..
As atividades literárias - novelas - do jovem escritor nessa fase foram consideradas nas suas inserções no ambiente cultural da capital da Baviera em fins do século XIX. Particular atenção mereceu sobretudo a sua fascinação por Richard Wagner e sua proximidade - não sem tensões - com o universo wagneriano.
Esses estudos, que terão continuidade, foram encetados em sequência às reflexões no Museu de Walchensee, onde, perante os documentos histórico-musicais recentemente levantados, foram considerados elos da vida musical da Baviera dessa época com o Brasil. (Veja notícia)
02.07.2015
Kranzbach, Baviera. Inglaterra e a Europa de lingua alemã. Leituras: Clemens Metternich (1773-1859) e sua época nas suas relações com o Brasil. Metternich, uma das principais personalidades da história política do século XIX, em particular da Restauração, é alvo de apreciações contraditórias na historiografia, surgindo em grande parte sob luz negativa.
A época em que viveu e atuou foi de decisiva importância para o Brasil: foi aquela da vinda da Corte Real, do Reino Unido, da Independência e das primeiras décadas do Império. Os processos político-diplomáticos em que agiu e em parte determinou tiveram dimensões amplas e consequências para o Brasil: a vinda de cientistas e de artistas europeus nas primeiras décadas do século XIX foram inseridas nessa constelação político-cultural européia.
Há muito vem a A.B.E. dedicando-se a estudos do contexto no qual agiu Metternich, já pelo fato de ter sido o músico e compositor Sigismund von Neukomm (1778-1858), austríaco de Salzburg vinculado a Ch.-M. de Talleyrand (1754-1838), mentor de membros da família real brasileira e primeiro grande músico europeu que esteve no Brasil, destacado vulto dessa época e do Congresso de Viena. (Veja)
O estudo da época de Metternich diz respeito tanto às relações Brasil-Alemanha como Áustria-Brasil. Embora tenha entrado na história como embaixador, ministro do Exterior e Chanceler do Império dos Habusburgs, foi esse grande inimigo da Revolução Francesa, de Napoleão e e idéias liberais nascido na Renânia. Na sua cidade natal - Koblenz - e região foi êle muitas vezes considerado sob a perspectiva euro-brasileira.
O contexto político-cultural internacional em que se inseriu Neukomm - e do Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) por êle admirado e divulgado na Áustria - foi considerado durante todo um semestre em Seminário na Universidade de Bonn dedicado às dimensões européias de Neukomm.
Esses estudos foram agora retomados em reflexões encetadas na Baviera. Procurou-se considerar mais diferenciadamente a personalidade e as atividades de Metternich, do jovem diplomata aparentemente frivolo ao extremamente conservador homem de Estado, e assim ambivalências e interações nos processos político-culturais entre Conservadorismo, Restauração e Liberalismo do século XIX.
Texto básico foi publicação de Humbert Fink (*1935), teólogo e escritor que desempenhou o cargo de reitor da Universidade Humboldt de Berlim (Metternich: Staatsmann, Spieler, Kavalier, Munique: Paul List 1989).
Nessa publicação, o autor considera as transformações passadas por Metternich em direção a uma política de extremo conservadorismo marcado pelo policiamento e pela censura que foi a causa da Revolução de 1948 e da sua própria queda.
A dramaticidade da sua perda de funções, de sua expulsão, da confiscação de seus bens até o seu exílio temporário na Inglaterra, onde foi bem acolhido, e seu retorno a Viena, é exposta nesta obra em quadros de particular vivacidade.
Esse papel da Grã-Bretanha nas suas relações com Metternich e, através dele, com a Áustria, surge também sob a perspectiva o Brasil como relevante. Basta lembrar que Neukomm, após ter retornado no Brasil, desenvolveu a sua carreira sobretudo no Reino Unido, onde tornou-se personalidade influente da vida musical.
Das estações da vida de Metternich na Inglaterra - Londres, Brighton e Richmond -, a cidade de Brighton foi alvo de ciclos de estudos euro-brasileiros em junho de 2014 (Veja notícia). Passado um ano dessa estadia, as reflexões foram retomadas agora em visita a um edifício que simboliza a presença inglesa na Europa Central de língua alemã: o castelo de Kranzbach, na Baviera, próximo do palácio/hotel de Elmau, local da recente reunião de cúpula dos G7. (Veja notícia)
O Kranzbach possui significado também para a história da arquitetura e da música, em particular do movimento feminino pela passagem do século XIX ao XX.
Foi construído pela aristocrata inglesa e violinista Mary Isabel Portman que, após ter estudado em Leipzig, adquiriu aum grande terreno na Baviera. A casa que construiu, com sala de concertos, deveria ser um local de encontro para artistas e intelectuais. Os planos não chegaram a ser realizados devido à eclosão da Primeira Guerra, em 2014, mas mesmo após a Guerra abrigou artistas que ali passaram temporadas.
Do ponto de vista arquitetônico, a residência transporta uma casa de campo de conotações escocesas ou irlandesas para a Baviera. No encontro, comparou-se o Kranzbach com a Casa Loma de Toronto, recentemente visitada no âmbito dos estudos da A.B.E. desenvolvidos em Ontario e cujo construtor manteve estreitas relações com o Brasil, em particular com o Rio de Janeiro.
28.06.2015
Lisboa. Exposição „Macau - Uma história de sucesso“. O Instituto Internacional de Macau convida para a abertura da exposição „Macau- Uma história de sucesso“ comemorativa do 15° aniversário da Região Administrativa Especial de Macau que terá lugar no dia 30 de Junho de 2015, pelas 18h30, no Centro Científico e Cultural de Macau. Na ocasião será também apresentado o álbum fotográfico „Macau-Festas e Festividades“. (Enio Souza).
27.06.2015
Elmau. A questão do ócio com dignidade e a competitividade na universidade. Escolheu-se uma visita ao palácio/hotel Elmau, na Baviera, local onde foi recentemente realizada a reunião dos G7, para dar-se continuidade a reflexões sobre o significado do otium cum dignitate (al. Muße) encetadas em ciclos de estudos euro-índico-brasileiros promovidos pela ABE e que se encontram relatados na atual edição da Revista Brasil-Europa. (Veja)
A realização do encontro de trabalho de representantes de potências políticas em região idílica da Baviera Superior, procurada para férias pelas suas belezas naturais e modo sereno de vida, possui aspectos que de muito superam possíveis intenções de representação ou de superficial convívio entre líderes em fruição de natureza e de folclore que foram alvo de críticas e que, de fato, contrastariam com a gravidade dos problemas globais do presente.
O local escolhido favorece reflexões sobre relações entre trabalho e um tempo livre pleno de sentidos, ao questionamento de concepções voltadas exclusivamente ao trabalho como fim em si, ao aumento de efetividade e produtividade, ao crescimento material, e que indicam uma extensão da economia de mercado a todas as esferas da vida e da cultura.
Essas reflexões lembram que o conceito de ócio nas suas relações com a dignidade humana - e que de forma alguma pode ser confundida com preguiça ou „vagabundagem“ - ocupa uma posição de alto significado na tradição do pensamento filosófico de antigas raízes, assim como na teologia.
A convicção de que o trabalho não é finalidade em si, que o seu objetivo é possibilitar o tempo livre em dignidade ao homem, tem relações múltiplas com o respeito e a dignidade, com a ética, estética e lógica, e, sobretudo, com a formação de caráter. Foi preocupação constante da tradição filosófica da Antiguidade e encontra-se expresso nos textos bíblicos. Basta lembrar neste sentido que Adão não trabalhou no Paraíso, mas sim teve que ganhar a vida com o suor do trabalho apenas após a sua queda e expulsão do Jardim de Eden.
Na tradição beneditina tão presente na região bávara do Palácio Elmau, encontra-se por todos os lados a divisa do „ora et labora“: não só o mandato do laborar, mas sim o orar surge como parte integrante e essencial da divisa, e essa elevação do pensamento e do coração na contemplação exige o serenidade interior, o tomar-se tempo para a libertação da mente e da alma.
Essa antiga tradição filosófica merece ser considerada em contextos globais devido à atualidade de questões que não se limitam a determinadas nações. Por muitos lados registram-se críticas às extrapolações do mercado, do capitalismo, do liberalismo sem freios, de uma ética absolutizadora do trabalho a todas as esferas da vida e dos conhecimentos, e que estaria à base de muitos problemas, entre outros de graves situações de injustiças sociais.
Como relatado na atual edição da Revista Brasil-Europa, o complexo de questões relacionados com o trabalho e o otium cum dignitate foi tratado sob a perspectiva teórico-cultural dos estudos do colonialismo, da história da escravidão e da vida de colonos prósperos e creolos em relações entre o Brasil e as ilhas do Indico. (Veja)
Como a discussão que se desenvolve desde a publicação desses relatos demonstra, a tematização da questão da dignidade do ter-se tempo livre nas suas relações com a história colonial do trabalho escravo parece não ter sido sempre bem compreendida nos seus sentidos mais profundos e nas suas dimensões tanto para a análise do passado, como do presente.
Um dos aspectos da discussão agora particularmente considerado diz respeito à educação e, em particular, à política universitária. Os graves problemas da universidade no Brasil - salientados e considerados por diferentes autores em textos de ampla divulgação pela Internet - apresentam similaridades e paralelos com aqueles de universidades na Europa.
Esses problemas foram em parte resultado de concepções comuns, e também comuns são os caminhos sugeridos para a sua solução. Um deles é aquele que defende uma melhoria do ensino universitário na sua função formadora de formadores através do aumento de sua efetividade através do fomento da competitividade.
Essa acentuação da concorrência e da competitividade, se justificável em algumas áreas do ensino superior, na técnica, nos esportes e em particular nas artes, apresenta aspectos questionáveis nas Humanidades e na Filosofia.
Como se constata em universidades européias após a implantação das reformas conhecidas como de Bologna, um aumento da efetividade através da aproximação da universidade aos interesses pragmáticos de empresas e da economia levou a uma escolarização dos estudos e a preocupações pela formação tão rápida quanto possível de profissionais que prejudicaram a liberdade acadêmica, o convívio e a cooperação entre professores e estudantes, assim como entre professores e pesquisadores entre si.
Essas reformas favoreceram a intensificação da corrida competitiva entre docentes e entre estudantes, acentuaram uma ânsia de superação mútua que prejudica o trabalho em comum e o desenvolvimento cooperativo em solidariedade.
Levaram a uma corrida de alcance de títulos, ao uso indevido de graus acadêmicos, à inflação de doutores e professores, a ímpetos de suplantação em número de publicações com desrespeito a direitos autorais, à apropriação de idéias e perfis, assim como à deturpação histórica de caminhos no desenvolvimento de conhecimentos. Não a procura de conhecimentos, mas sim a de poder em instituições e associações de pesquisas passou a ser motor de atividades e estrategias.
Trata-se de uma situação que surge sob muitos aspectos como sendo indigna da universidade, do convívio acadêmico e humano geral. Se esse for o espírito de formadores de formadores, então será esse o espírito que se transmitirá ao ensino secundário desenvolvido por professores assim formados.
A acentuação da competitividade no ensino e nas relações acadêmicas favorece não só a quantidade em detrimento da qualidade, como tem também consequências mais amplas, de caráter, pois acentua ímpetos humanos de vaidade, de ambição desmedida, de uma ânsia de auto-promoção.
Transpõe-se para a universidade anseios e ambições que são justificaveis entre artistas e esportistas, imbuídos de desejos de aplausos e louros pela performance, mas que surgem como questionáveis na esfera dos estudos humanos, culturais, filosóficos ou de espírito.
Essas ânsias, ambições e vaidades assim acentuadas são responsáveis pelo envenenamento da cooperação intelectual que hoje se acentua, pelas relações marcadas por intrigas, desconfianças, estrategias de superação e de indignas apropriações. A antiga imagem do centauro ou sagitário da Antiguidade parece ter passado a ser modêlo, ou seja o ser meio-homem e meio-cavalo imbuído de fogo, em constante roda viva, ávido de detectar conquistas alheias e, figurativamente, roubar-lhes as noivas.
Tem-se aqui um problema que - como tratado na área do Indico - acentua-se em regiões de formação colonial, onde os colonos e seus descendentes sentem-se movidos por anseios de ascensão e afirmação, complexamente relacionados com bairrismos e nacionalismos, ou, reciprocamente, em situação de imigrantes na Europa - também latinoamericanos.
A reflexão mais aprofundada das finalidades da universidade torna-se assim necessária, e neste sentido cumpre, recordar a liberdade e a dignidade de um estudo conduzido sob o signo de Alexander von Humboldt.
26.06.2015
Alpes/Alemanha e Austria. Da Europa Central ao Ocidente. O Caminho de Santiago através dos Alpes e a viagem da alma. As peregrinações e romarias que, através dos séculos, levaram aos grandes centros religiosos do mundo - Jerusalem, Roma, Santiago de Compostela - constituiram um fenômeno cultural e religioso que vem sendo estudado sob diversos aspectos.
As vias dos peregrinos cortaram a Europa e constituiram uma rêde de vínculos entre localidades e regiões que determinaram desenvolvimentos humano-geográficos e urbanos, intercâmbios, possibilitaram contatos entre povos e o surgimento de centros religioso-culturais. As práticas e modos de vida e emblemas dos peregrinos, mantidas em parte até hoje, constituem objeto de estudos de tradições culturais e de linguagem visual, de tradições e folclore estudados em vários museus de diferentes países.
O Caminho de Santiago foi de significado para a história da expansão européia a Ocidente, e seus fundamentos remontam a concepções e imagens de uma geografia e antropologia simbólica da Antiguidade, não só bíblica, mas também presente na mitologia não bíblica, em particular na greco-romana.
Estabelecendo referenciais e orientações, Santiago de Compostela assume uma importância cultural que muito ultrapassa os limites continentais europeus, estendendo-se à América Latina, estando presente em diferentes formas de expressão de culto e de festividades transmitidas através dos séculos em vários países, também no Brasil.
Vários foram os encontros euro-brasileiros com teólogos e especialistas dos estudos relativos a Santiago nas últimas décadas, salientando-se aqui os aspectos musicais e imagológicos da veneração do Apóstolo.
Esses encontros foram realizados não só na própria Galícia como em outros pontos da rêde do Caminho, como por exemplo em Danzig, cidade que abriga importante exposição dedicada à peregrinação do Norte da Europa ao Extremo Ocidente. (Veja)
Mais recentemente, realizou-se novos estudos em Malta, onde Santiago de Compostela surge também como santo padroeiro da Ordem para Portugal. Uma das regiões cortadas pelo Caminho de Santiago e até hoje insuficientemente considerada é a dos Alpes na Baviera, Áustria e Tirol. Essa rota possibilitava a ligação entre a esfera de língua alemã e Roma através do passo do Brenner, também a Jerusalem e a Compostela.
Muitos são os marcos, igrejas e capelas da região que lembram o caminho dos peregrinos, ainda hoje utilizados por aqueles que o percorrem no sentido de uma „viagem da alma“.
Estabelecendo um vínculo da Alemanha com o mundo ibérico, surgem como significativas para o estudo de fundamentos culturais de estudos teuto-ibero-brasileiros. Uma das igrejas dedicadas a Santiago é a Jakobskirche junto ao lago de Walchensee. Para além do seu interesse artístico e arquitetônico para estudos do Barroco, essa igreja revela vínculos com o Mosteiro de Benediktbeuren, importante centro religioso-cultural beneditino da Baviera, hoje de Salesianos, apresentando estreitos elos com o Brasil. (Veja notícias anteriores).
O último abade desse Mosteiro, Landfrid Harpf, falecido em 1819,foi o primeiro pároco de Walchensee. A construção da igreja iniciou-se em 1683, adquirindo a sua feição barroca atual entre 1712 e 1714 através da atuação do Abade Magnus Pachinger de Benediktbeuern. Artistas e artesãos foram quase todos locais. A ornamentação é marcada pela presença constante da concha, símbolo de múltiplos significados, da virgindade de Maria e da Ressurreição.
25.06.2015
Victoria/British Columbia. O Ukulele no Canadá e os estudos da viola e do cavaquinho. Um dos complexos temáticos que mais atenção teem recebido nos estudos musicológicos em contextos globais desenvolvidos no âmbito do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa diz respeito a instrumentos de corda dedilhadas nas suas diferentes formas.
Por motivo da passagem dos 30 anos da fundação do instituto, esses estudos foram recapitulados no seu desenvolvimento e atualizados através do levantamento de tendências atuais do seu cultivo. Uma especial atenção foi dirigida ao Canadá, onde esses instrumentos experimentam hoje singular popularidade.
Os elos do ISMPS com comunidades lusófonas desse país, em particular daquelas de Ontario, foram estreitos desde a fundação da instituição através da atuação do Dr. Armindo Borges (Veja notícias anteriores). Em encontro realizado na colonia luso e brasileira na Alemanha, em 1989, o caminho histórico e as relações entre instrumentos brasileiros e madeirenses foram pormenorizadamente considerados em conferência e estudo posteriormente publicado do pesquisador brasileiro Alberto Ikeda.
Pelos 25 anos de existência do ISMPS, em 2010, promoveram-se ciclos de estudos no Havaí, tratando-se da recepção do instrumento trazido por imigrantes portugueses das ilhas atlânticas e sua difusão nos Estados Unidos e na Europa (Veja).
Esse processo difusivo e que implica em transformações organológicas e da prática musical, que se prolonga hoje de forma particularmente intensa no Canadá, merece ser estudado diferenciadamente.
Em centros da imigração portuguesa na região de Toronto, concentrada em particular em Mississauga, registra-se uma extensão direta de instrumentos e práticas instrumentais das ilhas, em particular dos Açores. Na costa oeste do país, na esfera do Pacífico, em British Columbia, em particular em Vancouver e Victoria, observa-se outro caminho da difusão desses instrumentos. Trata-se antes de um caminho indireto através da recepção cultural norte-americana o Ukulele e, portanto, através da difusão do instrumento português introduzido no Havaí.
Entre as várias manifestações dessa popularidade do Ukulele no Canadá salienta-se a Victoria Ukulele Week, semana que se realizou em 2015 na sua quinta edição. O programa incluiu dias dedicados aos temas „Strumalong“, „The Island Ukuleles“, „Workshops at Market Square“ e o „5th Annual Uke Loven-In“, um evento livre no Market Square, com cadernos com os cantos distribuidos ao público. Nos workshops e conferências, ofereceu-se uma introdução a afinações e arranjos, tratou-se do conjunto de ukuleles, o da compreensão do deslocamento dos trastes das cordas.
Tendo o Canadá orgulho da sua diversidade cultural, promovendo-a e valorizando-a, nela se insere a atual popularidade do Ukulelê. Se a recepção direta de instrumentos das ilhas atlânticas na região de Toronto é sobretudo identificada com os portugueses que para ali imigrararam, os brasileiros que em crescente número vivem no Canadá aproximam-se mais do instrumento através de sua recepção indireta pelo Ukulele da costa do Pacífico.
Trata-se., assim, de um desenvolvimento aparentemente paradoxal, significativo para a necessária diferenciação na análise de interações de processos culturais.
24.06.2015
Vancouver/Canadá. Multiversity. Museu de Antropologia da Universidade - Memória e vitalidade de culturas indígenas no Canadá e intercâmbio internacional entre „primeiras nações“.
Dando continuidade a seu programa de estudos dedicado ao universo cultural indígena, e que, iniciado há muito tem prosseguimento em dimensões globais sob a égide da A.B.E., a organização deu continuidade, na América do Norte, às visitas de instituições especializadas que vêm sendo desenvolvidas em várias partes do mundo. (Veja notícia anterior)
Ponto alto no Canadá foi o Museu de Antropologia da Universidade de Vancouver que, com o MOA Centre for Research é instituição exemplar quanto à valorização das culturas indígenas na atualidade.
Com excelentes instalações de arrojada arquitetura, o museu representa uma das mais importantes instituições da universidade, assim como é foco privilegiado de visitantes canadenses e estrangeiros.
Logo à entrada, os visitantes são recebidos por inscrição em pedra que dá as boas vindas à terra ancestral do povo Musqueam de determinado ramo linguístico. Uma placa lembra que os recém-chegados - europeus e de outras proveniências - encontram-se na região apenas desde um curto espaço de tempo: menos do que 200 anos, o que é apenas um piscar de olhos em comparação com os 9000 anos que os indígenas ali vivem.
Sinal de que não se trata, no museu, apenas de conservação de passado findo, mas também de centro de uma cultura viva, uma obra de arte de Susan Point, Musqueam, de 2010, apresenta uma pegada Salish. Essa obra, no chão da entrada da instituição, é entendida como inscrição na terra no sentido de expressão visual do vínculo entre o povo Musqueam e o local em que se situa o museu.
A obra enfatiza as conexões dos indígenas com a terra, com a água, com a tradição de vida de seus ancestrais através de estórias da tradição oral. O imaginário nessa obra, embora traduzido no estilo contemporâneo da artista, reflete o vocabulário tradicional a arte Musqueam. Baseia-se na forma e nas linhas de um vestígio de pé, transformado com o uso de elementos distintivos Musqueam e incorporando algumas das formas de vida encontradas na terra, no mar e no céu que envolvem o museu. Vê-se na obra salmões e pássaros, deixando espaço àquele que contempla para encontrar outras imagens mais sutís. Uma corrente vermelha através do seu centro representa o sangue de todos os povos.
No interior do Museu, o espaço é dominado pelas plásticas memoriais de grandes dimensões. Uma delas é a escultura Tsarlip. A partir dela, lembra-se que as familías do povo Salish do litoral tinham os seus serviços memoriais, similares a segundos funerais, um ano ou mais após a morte de um de seus. Nessa época, elaboravam ou adquiriram uma efigie decorada em homenagem a seus líderes. Esses memoriais eram colocados em locais mortuários de famílias. O monumento ilustra dois aspectos distintivos do estilo plástico: escultura realística ao redor - figuras humanas - e gravuras altamente estilizadas na superfície da caixa - peixe. Quando os costumes funerários se modificaram no século XX, as casas e as caixas mortuárias foram desativadas, sendo os restos mortais enterrados em cemitérios. Já não mais em uso, vários conjuntos plásticos foram adquiridos por Harlan I. Smith para o National Museum of Man - hoje Canadian Museum of Civilization em Hull, Quebec, em 1929.
Entre os artistas contemporâneos de identidade indígena envolvidos em interações internacionais pode-se salientar John Marston, que em 2006 trabalhou na aldeia de Palembei, no rio Sepik, em Papua New Guinea, onde encontrou-se com o mestre-escultor Teddy Balangu.
Teddy veio ao Canadá, onde deu início a um conjunto que é mostrado no museu. Tornou-se artista residente da instituição, criando um pole emblemático de clan que parece ser o primeiro esculpido fora de Papua New Guinea. Durante vários meses continuou a encontrar-se com artistas nativos, trocando idéias e discutindo as suas obras. Algumas delas foram instaladas nas novas Galerias de Multiversity em janeiro de 2010.
Segundo John Marston, a idéia de ir a Papua New Guinea e o sentir-se em casa refletiu-se no conjunto da obra, onde o sol e a lua encontram-se representados em cada lado. Representam duas culturas, ou melhor, universos que, embora distintos, possuem vários pontos em comum. Quando estava criando a obra, pensou qual seria o elemento mais relevante que podia representar - esse foi o povo, e esse encontra-se inserido na cultura. Esse fato é representado por máscaras no centro do sol e da lua. O sentido subjacente das imagens é: „se você não tem tempo suficiente para tentar realmente compreender homens, então dê-se tempo para aprender algo a respeito de sua cultura, pois você não tem tempo de vida para ver tudo no mundo.“ O intercâmbio de artistas fvoi resultado de uma colaboração entre o UBC Museum of Anthropology e o Alchennga Gallery em Victoria, BC.
23.06.2015
São Paulo. Cantora lembra a reedição do LP Modinhas Coloniais e Imperiais em CD (Maio 2008). A cantora e pesquisadora Léa Vinocur Freitag traz gentilmente à lembrança a reedição, em CD, de um LP que representou uma obra de sua juventude e que hoje tem interesse memorial. (199.022.433)
Quando da apresentação do livro A Modinha e o lundu do século XVIII de Mozart de Araújo (São Paulo: Ricordi Brasileira 1963) em programa de televisão de Silveira Sampaio, em 1964, teve a ocasião de cantar algumas modinhas, sendo então acompanhada ao piano por Osvaldo Lacerda (1927-2011), compositor que realizara as harmonizações. Entusiasmada pelas modinhas, a cantora obteve a colaboração da pianista Maria do Carmo de Arruda Botelho para a realização do projeto, em 1966. O desenho da capa, de 1958, foi de Yola Cintra e a contracapa ficou a cargo da estudante Dilma Vinocur Rozenblit.
Jornalistas da revista Pesquisa FAPESP mostrando interesse pelo LP, estimularam a sua reedição. Os textos que acompanham o CD são de autoria da artista e produtora. Incluem considerações sobre Marília de Dirceu, sobre ela própria e sobre Maria do Carmo de Arruda Botelho, assim como referências a ela elogiosas da imprensa, também integrando trecho do prefácio das „Modinhas Imperiais“ de Mário de Andrade, de 1930. O caderno apresenta os textos das modinhas executadas, além de retratos e ilustrações fotográficas. Na reedição, produzida pela cantora, cooperaram membros da família: como produtor associado Luiz Freitag e, na direção de arte, Rosa Freitag.
A lembrança da gravação reeditada traz à memória a participação paulista no redescobrimento de modinhas ocorrido em meados da década de 60 e conhecido sobretudo através do primeiro volume da Música na Côrte Brasileira (Angel 3CBX 410), com texto elucidativo de Mozart de Araújo, de Novembro de 1965 e interpretações de Olga Maria Schoreter - Collegium Musicum da Rádio MEC, dirigido por George Kiszely. Essa série associou-se às comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro.
A lembrança da gravação reeditada pode ser vista também como mais um indício do atual empenho no sentido de reconhecer-se as atuações de mulheres na história musical das últimas décadas, representando assim um documento para estudos femininos sob a perspectiva de processos culturais.
22.06.2015
Garmisch-Partenkirchen. Cidade do Instituto e Festival Richard-Strauss - Richard Strauss (1864-1949) no Brasil. Essa região e localidade alpina da Baviera Superior, conhecida por abrigar a montanha mais alta da Alemanha - o Zugspitze -, possui renome internacional não apenas devido à sua natureza e como cidade de esportes de inverno, mas também como centro cultural e artístico.
Vários compositores e artistas a escolheram para residência temporária ou definitiva, ali surgindo grandes obras da literatura, da pintura, do teatro e da música.
Este foi o caso do compositor Richard Strauss que, com o capital obtido através de apresentações de sua obra Salome,construiu ali em 1908 uma residência na qual passou a viver. Algumas de suas maiores obras foram ali criadas.
Richard Strauss desempenhou papel relevante no campo dos direitos autorais, e foi nesse sentido que foi sobretudo considerado até hoje no âmbito dos estudos euro-brasileiros, tendo sido alvo de consideração na primeira sessão dedicada ao tema sob o aspecto musicológico em simpósio internacional em São Paulo, em 1982.
Em 1999 instituiu-se em Garmisch-Partenkirchen um Instituto Richard Strauss. A memória do compositor encontra-se sempre presente na cidade, sobretudo através do Festival Richard Strauss, que ali anualmente se realiza. No corrente ano, salienta-se, na programação, a apresentação de Von Leidenschaft und Tod, além de recitais de Lieder.
Como lembrado pela A.B.E. no corrente ano, os elos de Richard Strauss com o Brasil merecem ser estudados sob diversos aspectos, para além do seu significado na área dos direitos autorais. A atenção dirige-se aqui de início aos anos que antecederam a Primeira Guerra. Nessa época, marcada pelo sucesso de Salome e pela construção de sua casa em Garmisch, o compositor esteve no Rio de Janeiro. Segundo as fontes já estudadas, a sua presença na então capital do Brasil não teve então o reconhecimento merecido. Essa situação modificou-se posteriormente.
Particular atenção é aqui dada à sua colaboração com Stefan Zweig (1881-1942), escritor marcado por extraordinária admiração pelo Brasil, autor de uma das mais entusiásticas descrições do Brasil e falecido em Petrópolis. Por motivo das comemorações do Rio de Janeiro pelos seus 450 anos no corrente ano, a A.B.E. promove estudos mais pormenorizados a respeito, que serão relatados na Revista Brasil-Europa.
21.06.2015
Urfeld/Baviera. Descoberta de fontes histórico-musicais do século XIX no seu significado para Portugal e Brasil: Wagner, Liszt, Viana da Mota (1868-1948), e Leopoldo Miguez (1850-1902): Rio de Janeiro 450 anos. Realizou-se, no dia 19 de junho, encontro no Museu Lovis Corinth de Walchensee, em Urfeld, na Baviera Superior, de pesquisadores da A.B.E. com o fundador do museu, Eng. Friedhelm Oriwol.
Nascido na Silésia, em 1932, F. Oriwol exilou-se na Alemanha Ocidental em 1945, primeiramente na Renânia, a seguir em Munique, tendo adquirido uma moradia em Urfeld, em 1975. Fascinado pelas belezas naturais da região alpina, passou a interessar-se pela cultura regional. No processo de sua integração cultural, deu início a coleções de antigos cartões postais, gravuras, litografias, aquarelas, desenhos, cartas, diplomas, revistas, fotos, calendários, prospectos e pinturas, entre elas 300 obras de Lovis Corinth (1858-1925), pintor que viveu em Urfeld de 1918 a 1925. Em 1976, adquiriu o antigo Hotel Post, que transformou em Museu, inaugurado por ocasião dos 150 anos de Lovis Corinth, em 2008.
Esse museu possui departamentos de Estudos Regionais, de Pintura e de Música. Foco das atenções foram documentos redescobertos relativos a Wagner, Liszt e ao movimento wagneriano. Esses materiais foram encontrados na casa da família do Prof. Berthold Kellermann (1853-1926) e do seu genro, o pintor Peter Emil Recher (1879-1948), em Urfeld, tendo sido expostos primeiramente em 2013.
A exposição apresenta fotos das famílias de Richard Wagner. Franz Listz e Berthold Kellermann, partituras, cartas, convites, cartões de visita, cartões postais da Casa de Festivais de Bayreuth, jornais, livros e prospectos. O museu possui uma coleção das Bayreuther Blätter a partir de 1876. Pinturas a óleo mostram a casa da família Wagner em Tribschen, Lucerna, onde o compositor viveu de 1866 a 1872.
À frente dessa obra, lembrou-se que foi nessa época da vida de Wagner que estabeleceu-se o contato de Wagner com o Brasil a partir de convite a êle dirigido para que fosse ao Rio de Janerio e dedicasse obra a Dom Pedro II. Considerou-se a discussão a respeito dessa correspondência e das relações de brasileiros com Bayreuth que vem sendo desenvolvida no âmbito musicológico desde o centenário da Casa de Festivais, em 1976. (Veja)
Atenção especial dedica F. Oriwohl ao músico e compositor Berthold Kellermann, um dos principais discípulos de Liszt e promotor da sua obra e a de R. Wagner. Nascido e formado em Nürenberg, estudou e foi professor de piano na Escola de Música de Lisa Ramann nessa cidade. O seu primeiro contato com Liszt deu-se em 1870 por ocasião de Assembléia de Músicos em Weimar. Em 1872, quando do lançamento da pedra fundamental da Casa de Festivais de Bayreuth, dirigiu-se a Weimar, apresentando-se a Liszt, que seria o seu professor a partir de 1873. Em Berlim, estudou Medicina, Ciências Naturais, Filosofia, História, Psiquiatria, Acústica e História da Música. Entre 1875 e 1876 lecionou piano na Neue Akademie der Tonkunst em Berlim. Em 1878, transferiu-se para Bayreuth, onde atuou até 1881 como professor das filhas de Richard e Cosima Wagner, como regente da sociedade orquestral de Bayreuth, instituição apoiada também por Dom Pedro II. Kellermann foi também música da corte de Württenberg, professor na Escola de Música de Munique e, após a Primeira Guerra, diretor da Academia Real de Arte Sonora da capital da Baviera.
Elos mais estreitos com o mundo de língua portuguesa estabeleceram-se através do pintor Emil Recher, formado em Stuttgart. Tendo viajado por diversas regiões da Europa e da África do Norte, fixou-se em Lisboa, onde tornou-se professor da Escola Acadêmica, em 1910. Em 1913/14 retornou à Alemanha, passando a viver em Urfeld no Walchensee. Ali casou-se com a filha de Berthold Kellermann, em 1914.
13.06.2015
Toronto. Royal Ontario Museum, Ethnology Gallery - Paul Kane e a refletografia. Programa Mundo Indígena da A.B.E. Dando continuidade ao programa de estudos Música Indígena, a A.B.E. promove nova série de visitas a museus e instituições de pesquisa na América do Norte.
A consideração do passado e do presente indígena em contextos globais dá continuidade aos trabalhos iniciados em 1992 com o apoio do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha no Brasil e que veem sendo prosseguidos desde 2002 em diversos países americanos e de outras regiões do mundo sob a égide da A.B.E..
Os atuais estudos na América do Norte decorrem sob o signo de estudos visuais e imagológicos na cultura indígena e da imagem do índio em processos culturais no passado e no presente, orientação que constitui o objetivo da organização segundo princípios estabelecidos na década de 60.
O Royal Ontario Museum foi aberto ao público pelo Duque de Connaught em 1914. O museu possui uma das mais valiosas coleções de pinturas de indígenas e da vida indígena das Américas, salientando-se obras de Paul Kane de meados do século XIX, entre elas „Dança de escalpo, Colville, de 1848-1856, „Cascata Peluce“, „Homem a cavalo“, „Kee-akee-ka-sa-coo-way“, „Fort Edmonton“, „Estabelecimento do rio Rouge“, „Mestiço correndo búfalo“, „Brigada de barcos“ e „Captura do salmão“, da mesma época.
Essas pinturas foram comissionadas a Paul Kane por George William Allan (1822-1901), em 1853, um vulto da política de Toronto, chanceler do Trinity College e que apoiou o trabalho e Kane. A coleção de obras permaneceu durante meio século no „The Museum“ no Moss Park. Esse edifício fora construído pelo pai de Allan - William Allan (1770-1853), pessoa de influência no estabelecimento do Bank of Upper Canada.
Principal promotor do museu foi Sir Edmund Osler (1845-1924) que, após a morte de G. W. Allan em 1901, adquiriu a coleção de Paul Kane de antigas pinturas, doados a seguir generosamente à Universidade de Toronto, hoje figurando em saguões do University College. Com a fundação do museu, as pinturas de Paul Kane foi transferida da universidade para as galerias do novo museu.
Embora tenha Sir Edmund Osler entrado em posse das pinturas a óleo de Kane, os esboços permaneceram na família de Allan a cuidados de Maude Cassels (nascida Allan), e a seguir de sua filha Chelsea. Em 1946, Raymond Willis, filho de Chelsea doou os esboços ao Royal Ontario Museum, possibilitando, assim, que projetos e obras possam ser estudadas conjuntamente.
Com métodos de reflectografia, os especialistas do museu revelam desenhos subjacentes às pinturas de Kane, possibilitando comparações com os esboços. Essas análises, que continuam no presente, mostram que Kane fêz modificações de elementos com a intenção de refinar detalhes composicionais ou por motivos estéticos. Esse trabalho de revelação do subjacente à superfície permite identificar versões originais e cópias posteriores. O descobrimento de desenhos e pinturas subjacentes abre caminhos para a identificação de imagens originais abaixo daquelas aperfeiçoadas artisticamente, mais próximas dos esboços e, em alguns casos, da realidade.
O museu parte do princípio que não é correto partir-se da suposição que as culturas nativas estariam desaparecendo, uma opinião que era prevalecente no século XIX, quando tomou-se consciência da necessidade de preservação de objetos dessas culturas em extinção. Nesse sentido, segue-se pensamento de Franz Boas (1887), que afirmou que o principal objetivo as coleções etnológicas deveria ser a disseminação do fato que civilização não era algo absoluto, mas relativo.
Entre outros pintores considerados, destaca-se Frederick Verner. Como a maior parte dos pintores não nativos, esse pintor representou antes a imagem que tinha da vida indígena. O seu quadro a óleo „Sioux Dandy“ é baseado numa fotografia de Little Short Horn, de Dakota, tendo o pintor apresentado essa figura histórica com uma vestimenta que tinha adquirido anteriormente e que, portanto, o retratado nunca tinha usado.
Do ponto de vista musical, merece particular atenção instrumentos apresentados no museu, entre êles um tambor Inuvialuit da Herschel Island, Beaufort Sea, de 1896-1901. O tambor, principal instrumento de danças, é percutido segundo documento fotográfico para o acompanhamento de danças e cantos, não sendo tocada, porém, a sua membrana. A vibração da pele é causada pela percussão de uma baqueta no aro lateral.
31.05.2015
Porto/Portugal. Projetos de estudos culturais da Ilha de Páscoa. A Arquiteta Alda Santos, autora do monumento a Portugal em Honolulu, Havai (Veja), comunica a sua procura de informações a respeito da cultura da Ilha de Páscoa. Tem recebido contribuições de vários lados, mas encontra referências inigmáticas que exigem estudos mais profundos. Uma delas diz respeito à notícia de que as descargas elétricas dos raios seriam capturadas pelos moais. Essa referência teria consequências arqueológicas e etnológicas; segundo a tradição, os antigos moradores, que sofriam perdas humanas com raios, começaram a fazer os moais, espalhando-os pela ilha para a proteção.
31.05.2015
São Paulo/SP. Verônicas da Região de Serras e Águas. O Prof. Luis Andrade Soares comunica ter participado como especialista em folclore da edição do corrente ano do Encontro de Verônicas realizada em Joanópolis, SP. Na ocasião lançou-se livro sobre essa tradição nas cidades da região de serras e águas do Estado de São Paulo.
27.05.2015
São José dos Campos/SP. Museu de Folclore e Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Em sequência a um trabalho de pesquisa sobre cultura popular e educação, o Prof. Dr. J. Gerardo Guimarães proferiu palestra sobre o tema em São José dos Campos. Na ocasião, gravou também programa de televisão sobre a importância dos estudos nessa área de conhecimentos. O trabalho é realizado em colaboração com as referidas instituições.
27.05.2015
Belo Horizonte/MG. Prof. Dr. Mauro Chantal aprovado para a orientação de pós-graduados da UFMG e 90 anos da Escola de Música. Em 23 de abril, o Prof. Dr. Mauro Chantal comunicou ter sido aprovado para atuar na pós-graduação da UFMG. Pelos 90 anos da Escola de Música, participou do concerto comemorativo em trio de Hostílio Soares, um compositor que „possui uma obra muito densa, típica do alto romantismo“.
25.05.2015
Joinville/SC. Luis Alberto Luckow, FGV/Univille, membro correspondente da A.B.E.. Registra-se que o Sr. Luis Luckow, da FGV/Univille, passa a fazer parte da A.B.E. como membro correspondente.
25.05.2015
Santa Cruz/SC. Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. Interesse pelas viagens da Princesa Teresa da Baviera no Brasil. O Prof. Dr. Wladimir Blos, antropólogo, entra em contato com a A.B.E. na procura de informações sobre as jornadas no Brasil da Princesa Teresa da Baviera, sobretudo sobre seus estudos etnológicos realizados em diversas regiões do país: „Considerando o apuro dos detalhes e a minúcia com que tratou as culturas visitadas em nosso país, poderíamos incluí-la como uma das precursoras dos estudos antropológicos no Brasil.“
De fato, a Princesa Teresa da Baviera é uma personalidade que merece ser salientada, assim como valorizadas devem ser as suas obras e as coleções. Há anos a A.B.E. dedica-se ao estudo do seu livro de viagens. A obra foi considerada em vários cursos e conferências, as primeiras realizadas quanto ao redescobrimento de sua personalidades e obra. A fotografia de Pedro II que abre a sua obra encontra-se de forma ampliada na sala de conferências do centro de estudos Brasil-Europa.
A sua personalidade tem sido valorizada em determinados círculos sobretudo pelo fato de ter sido mulher, o que faz com que as suas viagens surjam de fato como surpreendentes para a época. Seria necessário, porém, fazer um levantamento e um estudo etnológico dos materiais. O prosseguimento das pesquisas exige a consideração in loco de instituições européias, em particular da Baviera e daqueles museus que guardam objetos trazidos do Brasil.
25.05.2015
União da Vitoria/Paraná. UNESPAR/UFPR. Sobre estudo sobre Paul et Virginie de Bernardin de Saint-Pierre (1737-1814) e Inocência (1872) do Visconde de Taunay (1843-1899) na Revista Brasil-Europa. O Sr. Michel Kobelinski, que está com um capítulo de livro pronto, entra em contato com a A.B.E. a respeito do artigo „Cultura e natureza em visões do Homem: Ile de France e Brasil“, relativo a ciclo de estudos realizados no âmbito do programa Cultura e Natureza no jardim de Pamplemousses, Ilhas Maurício, em 2009, por motivo do então celebrado ano França-Brasil. (Veja) A lembrança desses estudos adquire particular atualidade, uma vez que Maurício e outros jardins botânicos do Índico relacionados com Pamplemousses foram recentemente alvo de visitas promovidas pela A.B.E. por motivo dos 360 anos da colonização francesa do Índico. (Veja).
24.05.2015
Portugal. Universidade Católica Portuguesa. Lançamento do livro Mao, China y los „Otros“. O Instituto de Estudos Orientais (FCH-UCP), o Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (FCH-UCP) e o Instituto Internacional de Macau convidam para o lançamento do livro Mao, China y los „Otros“ de Beatriz Hernández. A apresentação da obra será feita pela Profa. Doutora Isabel Capeloa Gil, Vice-Reitora da Universidade Católica Portuguesa. A sessão terá lugar na Sala de Exposições da universidade Católica Portuguesa, edifício da Biblioteca João Paulo II, 2° piso, no dia 4 de Junho, às 18h30.
23.05.2015
Bretanha/França. 350 anos de colonização francesa no Indico nas suas relações com o Brasil. Programa da A.B.E. nas Mascarenhas - Revista Brasil-Europa 155. (Veja) Prepara-se a comemoração, em junho do corrente, em Saint-Malo, da ida de colonos franceses à antiga Ile de France, hoje Maurício. A histórica cidade portuária bretã, pela sua posição geográfica estratégica, desempenhou desde séculos importante papel na história naval e militar no campo de tensões entra a Grã-Bretanha e a França. As atividades marítimas de suas famílias garantiram a prosperidade da cidade, que se manifesta na sua arquitetura e artes, assim como também na história dos elos da cidade e região com regiões distantes da Europa e fora ela. O significado dos portos do Norte da França para a história das navegações e dos Descobrimentos já levou em diferentes ocasiões a estudos promovidos pela A.B.E.. A cidade foi também um antro de corsários e piratas que, por atuarem a favor dos interesses franceses, passaram a ser celebrados. (Veja)
As comemorações atuais dirigem a atenção ao papel da Bretanha na história colonial. O principal vulto neste contexto é Mahé de la Bourdonnais, navegador, militar, empreendedor comercial e administrador colonial que esteve no Brasil e que foi o principal motor da colonização do arquipélago das Mascarenhas.
Ainda que monumentos seus se encontrem em Port Louis, a capital de Maurício, por ele fundada - e em Saint-Denis, a celebração desse ato colonial surge como compreensível sobretudo da perspectiva da metrópole, uma vez que a França possui ainda hoje um de seus departamentos do ultramar na região: La Réunion. Essas comemorações trazem à luz assim a questão de posicionamentos na apreciação e análise de estudos coloniais. Tornam-se, dessa forma, significativas para as conferências internacionais sobre História Colonial, Colonialismo e Imigração que vem sendo desenvolvidas pela A.B.E. no corrente ano.
Para o Brasil, essa data torna-se relevante pelo fato de Mahé de la Bourdonnais ter introduzido nas colonias francesas do Indico a mandioca trazida do Brasil, o que foi de fundamental importância para a alimentação dos escravos, possibilitando o aumento do seu número, o desenvolvimento da agricultura, a produção de excessos e, assim, o incremento do comércio e a obtenção de meios para empreendimentos coloniais franceses no seu todo.
Esse desenvolvimento colonial possibilitou também o surgimento de famílias ricas de colonos e de uma cultura creola nativa com meios e disponibilidade de tempo necessários para estudos e atividades artísticas e literárias.
Considerando que a análise desses processos culturais pode contribuir de diferentes formas para o esclarecimento de estruturas e mecanismos também válidos para o Brasil, e reciprocamente os estudos culturais brasileiros podem esclarecer expressões e desenvolvimentos do Índico, a A.B.E. promoveu estudos relacionados com a língua e a cultura creola, de atualidade também pelo fato do Instituto Creolo das Seychelles - a capital creola do mundo - ter sido internacionalizado através de iniciativa de La Réunion em 2014.
Abertos com um colóquio nos Arquivos Nacionais das Seychelles, os trabalhos contaram com a colaboração de outras instituições e personaliades. Entre elas, cita-se a Biblioteca Nacional, o Instituto Creolo Internacional em Seychelles e o Museu Léon Dierx de Saint-Denis. Uma particular atenção foi dada à pintura na sociedade creola do passado de La Réunion e no desenvolvimento pós-colonial das Seychelles. Neste sentido, considerou-se, em colóquios na Galeria de Arte da Baie Lazare, Mahé, as concepções e obras do mais conhecido pintor da ilha, Gérard Devoud. Decantando a natureza tropical, esse encontro realizou-se sob o signo dos 450 anos do Rio de Janeiro.
20.05.2015
Toronto. Brasil-Canadá em processos culturais do presente - recepção, imagem, identidade e transculturações - The Royal Conservatory of Music. A fundação de Estudos de Processos Culturas em Relações Internacionais promoveu estudos do I.S.M.P.S. em cidades canadenses em abril/maio do corrente ano pelos 30 anos de fundação alemã do instituto.
Os trabalhos, iniciados em Mississauga, devido aos elos de décadas com a grande comunidade lusófona ali residente (Veja notícia de 14.05), tiveram continuidade em Toronto no âmbito das conferências internacionais do corrente ano relativas à pesquisa da música popular em processos transculturais e Worldmusic.
Correspondendo à orientação teórica do instituto e da A.B.E., a atenção foi dirigida a processos culturais e ações que, no presente, se utilizam da música brasileira e que influenciam ou marcam processos identificatórios de migrantes brasileiros no Exterior ou a imagem do Brasil.
Toronto, cidade que se orgulha de sua diversidade cultural, adquire neste sentido particular significado, tendo-se conhecimento que já há ca. de duas décadas ali criou-se uma bateria de samba, havendo hoje vários grupos.
Principal agente nessas atividades relacionadas com a música do Brasil é o percussionista Alan Hetherington, que se ocupou com a música latinoamericana em diferentes países da América do Sul e do Caribe, em especial porém com a música popular brasileira, uma vez também que realiza frequentes viagens a Sao Paulo, onde, conhecido como Alan Canadense, participa de grupos musicais e se apresenta com músicos brasileiros.
Em Toronto, dirige a Toronto Samba School, na qual ainda participam elementos do Viva Brazil dos anos 90. Recentemente, realizou-se um encontro de samba designado como Pagode ou „Samba de Raiz“.
Nos cursos que oferece, os estudantes são levados a ocupar-se com modos de tocar e ritmos de vários contextos brasileiros, executando instrumentos como cavaquinho, cuica, pandeiro, tamborim, reco-reco, agogo e considerando artistas como Paulinho da Viola, Cartola, Caetano Veloso, Tom Jobim, Elis Regina.
A presença brasileira em Toronto é também relevante na esfera da dança. Aqui se destaca Newton Moraes, nascido em Porto Alegre e que desenvolveu estudos na Universidade Unisinos. Em Toronto desde 1991, ali estudou dança contemporânea no âmbito do programa The School of Toronto Dance Theatre‘s Professional Training Programm. Em 1997, fundou o Newton Moraes Dance Theatre. É membro do Canadian Alliance of Dance Artists e do Dance Ontario, dando aulas em escolas de Ontario.
Entre outros brasileiros que se destacam na dança encontram-se Marco Placencio e Geanderson Mello. Placencio, de São Paulo. Com formação acrobática, circense e musical, participou de projetos de Ariana Celi Castelo e Magda Torquato no Brasil, vindo para o Canadá em 2010.
Geanderson, de Barbacena, Minas Gerais, tendo-se iniciado na dança na „Fabrica de Movimentos“, estudou no CEFAR-Palácio das Artes de Belo Horizonte.
19.05.2015
Lisboa. Cronologia da História de Macau. A Dra. Beatriz Basto da Silva, membro da A.B.E. e do I.S.M.P.S. é autora da Cronologia da História de Macau, obra básica que serviu à realização do Simpósio Internacional por ocasião da passagem de Macau à China e ao Colóquio Internacional pelo ano Vasco da Gama levado a efeito em São Paulo, em 1998, quando também esteve presente. Nova edição dessa obra será lançada agora pelo Centro Científico e Cultural de Macau e a Editora Livros do Oriente no dia 21 de Maio, às 18h30, na Rua da Junqueira, n° 30, em Lisboa. A apresentação da obra será feita pelo Presidente do CCCM, Luís Filipe Barreto.
18.05.2015
Salvador, BA. Livro com resultados de esquisas realizadas no Ano Guilherme de Mello na Bahia. O pesquisador Marcos Santana, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Organistas, comunica que as pesquisas realizadas em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo no Ano Guilherme de Mello foram muito produtivas e o material sistematizado em livro. A correspondência refere-se ao Projeto Memória Musical da Bahia, Tributo Biografia Musical Guilherme de Mello pelos 80 anos de seu falecimento.
17.05.2015
Goiânia, GO. Esforços pela continuidade de tradições musicais de Semana Santa em Goiás. A Profa. Dra. Maria Augusta Calado Rodrigues da Universidade Federal de Goiás, pesquisadora de música e folclore, comunica que, apesar das dificuldades, conseguiu ainda no corrente ano „segurar a tocha da tradição“ em Goiás, apresentando na Sexta Feira Santa a cerimônia com os piedosos cantos das 7 Palavras diante da imagem do Cristo crucificado.
Em Goiás, cada estrofe é cantada por menina vestida de anjo, totalizando sete anjos. Em sequência, executa-se o „canto do perdão“, apresentado por duas alas, correspondendo à „voz alta“ e à „voz baixa“. Como no canto anterior, cada estrofe é cantada por uma virgem (preceito hoje já não mais observado...). Segundo a tradição, deveriam nele tomar parte 15 virgens; não foi possível, porém alcançar esse número, participando apenas nove meninas. Estas, porém, entoaram o canto com afinação e segurança.
Esse trabalho de conservação de práticas tradicionais apenas torna-se possível com base nas coletas e estudos que a pesquisadora vem desenvolvendo há décadas e que já foram objeto de publicações.
14.05.2015
Mississauga/Canadá. Comunidade lusófona de Mississauga, filipinos e latinoamericanos - transculturações. Imigração, Estudos Coloniais e Colonialismo 2015. A A.B.E. promoveu nas três últimas semanas viagem de estudos de pesquisadores da instituição ao Canadá e aos Estados Unidos, realizando-se encontros e colóquios com o apoio de instituições universitárias e museus em várias cidades.
Deu-se, com esse empreendimento, continuidade aos trabalhos realizados em diversas ocasiões em anos anteriores nos Estados Unidos (Veja) e no Canadá (Veja), em particular aqueles dedicados a estudos transculturais do programa de estudos da A.B.. dedicado a culturas indígenas (Veja) e aos de estudos de imigração, estudos coloniais e colonialismo, tratados no corrente ano em série de conferências internacionais.
A abertura dos trabalhos deu-se em Mississauga, uma das grandes cidades canadenses, próxima de Toronto, sede da University of Toronto Mississauga-Erindale College e do Sheridan College, instituições que se destacam pela diversidade das áreas tratadas e pelos seus campos universitários de grandes dimensões.
Como o nome da cidade indica, a sua história é estreitamente relacionada com a cultura indígena, cuja área foi adquirida no século XIX do povo Mississauga. A extraordinária modernidade com que a cidade hoje se apresenta, marcada pelos seus arranha-céus e edifícios de arrojada arquitetura, estabelece um contraste com a imagem de suas origens, fazendo com que surja como local significativo para o tratamento de transformações culturais, complementando estudos de cultura indígena que podem ser desenvolvidos nos grandes museus e centros de estudos canadenses.
A cidade oferece-se, sobretudo, como local adequado para reflexões e pesquisas da imigração e de estudos inter- e transculturais devido à sua grande população de imigrantes de diferentes origens. A vida cultural da cidade é estreitamente marcada pela presença de imigrantes e seus descendentes, o que pode ser constatado no uso recreativo e cultural da grande área aberta do seu centro, sendo este marcado pelo Living Arts Centre.
Mississauga possui uma das maiores comunidades de portugueses e de outros países de língua portuguesa do continente americano. Os elos com a A.B.E. e o I.S.M.P.S. têm sido mantidos desde a década de 70 através do Dr. Armindo Borges, de origem açoriana, que ali anualmente atua durante semanas do verão europeu (Veja).
Esses elos justificaram agora a escolha de Mississauga como ponto de partida dos trabalhos euro-brasileiros do corrente ano na América do Norte. A comunidade portuguesa concentra-se na igreja Cristo-Rei (Parkaway) que, não contando agora com sacerdote português, é dirigida por padres da Filipinas e do Vietnam.
Principal centro da comunidade latino-americana e filipina é a igreja de Santa Catarina de Siena. O grupo filipino de suporte dessa paróquia promove a celebração anual de „Flores de Mayo“, na qual expressões culturais da primavera européia são transportadas ao Canadá através da sua recepção nas Filipinas no calendário do mês de maio. As celebrações incluem oferecimento de flores, o Santaruzan, procissão com a estátua de Maria com as sagalas - jovens com títulos das flores nacionais das Filipinas -, danças e missa solene com o canto do „Salve“ (Salve Regina) em filipino. Essa linguagem visual vem de encontro àquela de tradições de diversos países latino-americanos ali representados, o que possibilita interações culturais no caminho da integração dos imigrantes na sociedade.
O Dr. Armindo Borges, vice-presidente do I.S.M.P.S., realizou, à frente do coro da Basílica os Mártires de Lisboa, agora revitalizado, a Missa Breve de Palestrina. Para as festas de Pentecostes, prepara a execução da Missa Papae Marcelli, a 6 vozes, a mais conhecida das obras palestrinianas.
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